- Preciso ir.
- Pra onde?
- Pra casa. Estou com frio.
- Vou contigo.
- Não. Vai pra tua casa. Nos vemos à noite.
- Não quero ir pra casa.
- E eu não quero responsabilidade nenhuma sobre as tuas decisões. Sinto falta de ti, do teu corpo, do teu cheiro, do teu sexo. Não de amor.
- Te vingas bem de mim dizendo inverdades.
- Não preciso disso.
Fui andando e logo em seguida tive que parar, pois havia ovelhas passando com alguém guiando. Esbarraste em mim, me segurando, porque vinhas logo atrás.
- Vem cá, quero te mostrar um lugar.
Entramos num boteco antigo, com o piso preto e branco já bastante gasto nos lugares de maior circulação. Havia bebidas expostas em prateleiras de vidro. Muitos espelhos. Móveis de madeira escura. Pegaste um vinho.
Seguimos pela rua, viramos à direita, descemos, chegamos em um lugar que parecia um celeiro...
Quando entramos, aquele cheiro de bicho me fez recuar. Riste.
- Vem cá, mulher urbana de pés descalços. Gosto mais de ti assim – me puxando pela cintura e dando um beijo no rosto.
O lugar estava quente do sol e pelas frestas das paredes e duas janelas redondas bem no alto, entrava uma luminosidade agradável.
Paramos em frente a um cercado onde havia uma égua lambendo o filhote. Lindos os bichos. De um marrom escuro, quase pinhão, brilhante. Ela chegou perto, eu fui pra trás. Passaste a mão nela como se fora uma velha conhecida e colocaste a minha também. Uma seda o pêlo do bicho.
- É tua?
- Não. O pequeno é. Gostava muito dessa potranca, nasceu o filhote, comprei.
- Para?
- Para te ensinar a cavalgar.
- Não me provoca...
- É tua?
- Não. O pequeno é. Gostava muito dessa potranca, nasceu o filhote, comprei.
- Para?
- Para te ensinar a cavalgar.
- Não me provoca...
- Queres?
Olhei desconfiada e com um olhar malicioso me ofereceste a garrafa de vinho para beber no gargalo.
Olhei desconfiada e com um olhar malicioso me ofereceste a garrafa de vinho para beber no gargalo.
Tomei um gole. Depois do sorvete causou um amargor na boca. O corpo ficou todo arrepiado.
- Chega. To com frio, preciso ir.
- Não, vem cá.
E num canto havia um monte de lã de carneiro, ovelha, não sei. Deitaste ali e ficaste me olhando. Estendeste a mão. Segurei. Sentei ao teu lado e nos beijamos.
Aquele monte de pêlo de bicho era aconchegante e quente. Tirei tua roupa passando as mãos por todos os espaços... te olhando... curtindo a nossa falta de pudor... e te ver no teu habitat te dava contornos diferentes, que nunca havia observado.
Bebi o vinho da tua boca e sorri, satisfeita com a descoberta... Tirei a minha, deitei ao teu lado... era agradável a sensação de maciez dos pêlos pelo corpo todo. Viraste pra mim, segurando a cabeça, sorrindo.
Bebi o vinho da tua boca e sorri, satisfeita com a descoberta... Tirei a minha, deitei ao teu lado... era agradável a sensação de maciez dos pêlos pelo corpo todo. Viraste pra mim, segurando a cabeça, sorrindo.
- Dá pra ser uma princesa assim?
Dei uma risada, um cheiro no teu pescoço e disse:
- Tu não prestas mesmo.
Virei teu corpo e subi em ti. Te deixei penetrar e... sentindo o meu corpo colado ao teu, aquietei.
Sempre preferi quando eu, e não tu, fico calada... porque quando estou calada, estou escondida dentro de mim... e quando te calas, preciso me esconder de mim...
Sempre preferi quando eu, e não tu, fico calada... porque quando estou calada, estou escondida dentro de mim... e quando te calas, preciso me esconder de mim...
- No que estás pensando?
- Na distância...
E comecei a me mexer lentamente como se tivesse de fato voltado de bem longe...