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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Malu

"Sexo com Malu sempre foi algo diferente do que eu estava acostumado. Não sei explicar. Por que uma trepada é inesquecível e outra dispensável? Beijar a mão de Malu me emociona. Olhar as suas pernas me emociona. Tocar os seus lábios me emociona. Dar um beijo de leve, passar a mão nos seus cabelos, vê-la andar, se vestir, sorrir, vê-la com a boca no meu pau, com a mão nele, com o corpo sobre ele ou olhando para ele, me emoionam. E quase foi assim desde a primera vez. E mais. Ela me ensinou a tocar, lamber, até a beijar, do seu jeito, do jeito que gostava, enquanto eu me imaginava um mestre na arte de. Me ensinou a passar a mão, a escorrer os dedos, a observar as nuances, quando eu pensava que sabia de tudo. [...] Eu ficava sentado, ela se sentava à minha frente. Ambos, nus. Sentia-se o calor trocado, a respiração, a umidade, mas não havia carne se explorando. Ela ficava assim uns minutos, olhando pra mim. Não havia música, havia pouca luz. Não havia bebida ou droga. Lucidez, serenidade."

(em Malu de Bicicleta, p. 31)

Ontem li uma crítica sobre o filme. Dizia ser muito ruim. Mas com um texto desses é possível não ir conferir?! Depois conto a vocês!

domingo, 8 de agosto de 2010

E daí que acaba?

"Não aguento mais ouvir uma voz feminina afirmar com amargura e rancor que não quer mais se casar. As muitas seguidoras de Paulo Mendes Campos acreditam que, se o amor acaba, para que começar outro.
São aquelas que se casaram de branco, no dia mais feliz de suas vidas, apaixonadas e entregues, mas que depois enfrentaram a ira de um ciumento, as neuras de um obcecado, as fraquezas de um viciado, se envolveram com famílias alheias intolerantes, conheceram a frigidez na rotina, a traição injusta seguida pelas mentiras incabíveis, e decidiram pôr um fim no sonho de eternizar aquele instante em que tudo parecia fazer sentido, as estrelas estavam próximas, em que nasceram um para o outro e morreriam grudados, na alegria e na doença.
Aquelas que já passaram por um ou dois casamentos e mergulharam no tombo da separação, em que a decepção troca de lugar com o amor, e o futuro vira pó.
Eu não aguento mais replicar: "Se o amor nos enlouquece, imagine a loucura que é ficar sem ele."
Para aquelas que dizem não acreditar mais no amor, proponho então experimentarem outros e apostarem nesse bilhete só de ida.
Uma noite de prazer acaba. Um banquete acaba. Uma viagem inesquecível acaba. O fim de semana na ilha paradisíaca, um campeonato, o dia, o ano, o gozo, um livro, um disco, um banho de banheira acabam. Não por isso, evitamos outros.
Ah, foi o dia internacional delas, que amamos tanto, que nos deram à luz, intuição, formas alternativas de pensar, mostraram detalhes que passavam despercebidos, exigiram atenção, dedicação, carinho, nos fizeram ser românticos, abafar a vergonha e nos inspiraram música, poesia, até guerras.
Mas sua descrença com os novos tempos e o velho homem nos deixa desesperados, órfãos. Nostradamus previu isso? Está escrito nos céus?
Se vocês não acreditam mais, quem acreditará? Lembrem-se de Nietzsche, que nos últimos dias numa vila italiana, com o calor na pele, viu alegria no niilismo e esperança no desamparo: "Cada passo mínimo dado no campo do pensamento livre, da vida moldada no seu formato pessoal, foi desde sempre conquistado com martírios espirituais ou corporais."
Trégua. Que venham os clichês. Cá está o ombro para o choro da mudança de humor inexplicável e inesperada. Quer que eu apague a luz na enxaqueca? Explico com toda a paciência a regra do impedimento, quem joga contra quem, e o que significa aquele quadro no alto da tela, em que três letras, COR, vencem por 2 X 1 as três letras PAL.
Fique na cama na TPM. Trarei uma bolsa de água quente e o jantar. Sim, vamos comprar sapatos. Eu espero. Levo um livro, enquanto você experimenta a loja.
Adorei a cor do esmalte, o corte do cabelo. Batom vermelho te deixa mais bonita. Não, a calcinha não está marcando. Ah, põe o tubinho preto, se bem que gosto quando você coloca aquele vestidinho colorido. Não, o sutiã não está aparecendo.
Eu ligo para o despachante, faço um rodízio nos pneus, troco a bateria, reconfiguro seu computador, mando lavar o tapete, o forro do sofá, também adoro ele com almofadas indianas em cima.
Cuido de você na velhice, não te trocarei por uma adolescente que cheira a tutti frutti, nem pela secretária vulgar da firma, amarei a sua pele um pouco mais flácida, seus seios naturalmente instáveis, seu corpo maduro, seus joelhos frágeis. E tomaremos vinho tinto todas as noites. Prefere branco? Que celulite?
Porém, a maioria de vocês conhece agora as teclas atalhos, a pressão nos pneus, sabem chamar o seguro, para uma pane elétrica, e que carrinho por trás dá cartão vermelho. Tornam-se independentes.
Pesquisa da Serasa Experian até mostrou que as mulheres são a maioria entre os mais ricos do País - segundo o estudo, cerca de 4,9 milhões de mulheres e 4,7 milhões de homens participam do grupo dos mais prósperos do Brasil, as classes A e B, e que as mulheres "ricas" somam cerca de 1 milhão, e 611 mil mulheres são executivas bem-sucedidas.
Foi uma semana cheia de dados e números sobre elas, vocês. E nós. Último censo do IBGE: o número de divórcios triplicou, enquanto o de casamentos formais, de papel passado, caiu 12%.
O amor se tornou líquido, não é, Zygmunt Bauman? "Se hoje vivemos em redes virtuais, que aproximam e afastam as pessoas, somos capazes de manter laços fortes e relações verticais?", pergunta.
Eu entendi, deixamos de preservar o passado e começamos a viver um presente perpétuo, a era do hedonismo e consumo desenfreado, vazio difícil de saciar.
Desistimos da sede pelo amor? Não, mulher não é o apêndice do homem, mas a fonte original da vida e a nossa razão de ser. Não nos deixem desamparados. E aprendam com as nossas fraquezas e com todos os erros.
Amar ainda é a única maneira de convivermos com a sua delicadeza e alimentar nossa vocação de proteger e cuidar. Não façam do homem uma noite sem vento, um mundo sem gravidade. Parecemos tolos e infantis, controladores e insensíveis. Mas as amamos tanto..."

sábado, 7 de agosto de 2010

A garota e os caras

"Ela era feliz adoidado. Seus vestidos, floridos, soltos, seu sorriso, bonito, seu corpo, lindo como poucos, seu desejo, excessivo, tenso, tesão intenso, ela queria sempre, sempre, queria amar todos os homens, gostava de homem, gostava de tudo neles, de quase tudo, gosta ainda: de barba, do cheiro, de ombros largos, gosta de peito com pêlos, de pernas longas, gosta de alisar, esfregar, arranhar, lamber e beijar. Gosta de gostar, porque muitas delas se atrapalham, com medo de se entregar. Mas ela, não. Adora se dar, adora se excitar e excitar.

Com o cara 1, ela foi pra cama no primeiro dia. Ele se jogou, ela lhe beijou, ele tirou a camisa, ela tirou seu vestido, ele olhou seu corpo, que lindo, disse, e ela adorou o elogio, tira tudo, ele disse, ela adiou, ficou de calcinha e sutiã, mas mergulhou nele, pegou nele, que lindo, ela disse, como ele é lindo, repetiu, examinou, tocou, beijou, chupou, e o cara disse, tira tudo, ela, calma, esfregou-se, amassou, rolou, subiu, tira tudo, calma, chupou, lambeu, apertou, tira, tá, ela tirou, e se comeram, trocaram tudo, totalmente.
Mas ele não ligou depois. Nem depois. Nenhum e-mail. Sumiu. Nunca mais ouviu falar dele. Que pena. Era o pau mais bonito da cidade. Que droga! O que fiz de errado dessa vez?

Com o cara 2, ela nem esperou chegar em casa. Agarrou-o já no carro. Pulou nele quando estacionaram. Subiu, beijou-lhe, mordeu seu pescoço, lambeu sua orelha, sentiu ele se excitar, tirou a sua camisa, beijou seus ombros, seu peito, seus braços, suas mãos, suas costas, ele estava duro, ela tirou a calça dele e seu vestido num gesto único e nem esperou ele dizer, tirou a calcinha e o sutiã. Ele ficou doido de tesão, que corpo, ele disse. Ela nem registrou o elogio, porque já o chupava, esfregava, lambia, massageava, que lindo, ela disse, o mais lindo que já viu, muito mais lindo que o outro. Ele perguntou: Que outro? Ela nem deu ouvidos, nem enrolou mais, e transaram ali, no banco do motorista, passaram pro do passageiro, depois pro de trás, de frente, de lado, por trás.
Mas ele não ligou no outro dia. Nem no outro. Nem na outra semana. Nem carta, e-mail, telegrama. Sumiu. Que merda! O que foi dessa vez?!

Com o cara 3, ela entrou em seu apê. Bebeu, bebeu, foi agarrada, ela disse não, foi arrastada, ela disse para! Ele pediu, pediu, pediu, ela disse só um beijinho. Ela deu um, mas ele logo veio apalpando, ela disse aí, não! Ele pediu mais beijos, ela, mais vinho. Mais bêbados. Ela se insinuou, ele queria vê-la nua, ela só mostrou a tatuagem na virilha, ele implorou, vamos pra cama, ela chamou um táxi. Nem esperou a confirmação, chamou o elevador, deu um beijo longo, sorriu e se foi.
Este ligou no dia seguinte. E no outro. Mandou flores, e-mails e um CD de presente. Liga todos os dias. Como homem é babaca, ela descobriu."