segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O carrasco do acampamento

"Não me refiro aos monitores da molecada, que acordam às três horas da manhã já com um pique tamanho que só faltam fazer 160 abdominais e 210 flexões de braço enquanto constroem uma casa na árvore; nem àquele amigo do seu amigo que não tinha barraca, e você mui misericordiosamente abriu um espaço para ele na sua, mas o sujeito ronca, baba e tem chulé; ou àquele cara que acha que manja tudo de vida no campo, leva uma churrasqueira jumbo, empesteia o ar com a fumaça de lingüiça e deixa garrafas pet vazias pelo caminho.
O verdadeiro carrasco do acampamento é uma pessoa que, por trás das aparentes boas intenções para com seus semelhantes, guarda uma malvadeza, uma crueldade, um sadismo sem parâmetros. Mas ao contrário do carrasco da firma, figura diabólica que já conhecemos e que tem como campo de atuação tão somente a firma em si, o carrasco do acampamento não precisa necessariamente estar em um acampamento. Ele pode estar na praia, na serra, no sítio, na quadra do colégio, no churrasco de domingo e no aniversário de sua prima. E o pior: ele pode estar ao seu lado sem que você sequer desconfie.
Você bem que estranhou aquele incauto chegando com uma mala grande, pensou “nossa, o que será que ele carrega?”, mas deixou para lá. Afinal, não é da sua conta, certo? Errado. Pois a coisa começa a ser da sua conta quando o carrasco do acampamento (ou da praia, ou do sítio, ou do churrasco) finalmente revela sua verdadeira e terrível identidade.
Sim. O moço do violão.
E então antes que você consiga gritar “salvem-se todos!” e sair em disparada, o moço do violão saca de seu instrumento, senta-se se pernas cruzadas na relva, dá uma afinada (rápida, porque o violão meio desafinado faz parte do plano maligno), fecha os olhinhos, suspira profundamente, faz uma pausa estratégica e começa, a plenos pulmões... “É preciso amaaaaaaar as pessoas como se não houvesse amanhãããããã/ porque se você paraaaaaaar pra pensar/ na verdade não háááááá”. Daí você sabe que está condenado o resto do evento, do passeio ou da viagem, a ouvir grandes clássicos da música interpretados por um cidadão que parece ter acabado de comprar uma daquelas revistinhas “Aprenda a tocar violão”, com o Belchior na capa.
Por que você está condenado? Porque as pessoas que foram com você – e que ou dependem de sua carona, ou você depende da carona delas – estão agora todos em volta do moço do violão, como as vaquinhas e carneirinhos do presépio ao redor do Menino Jesus. Tal qual o flautista de Hamelin, aquele cuja melodia hipnotizava e atraía os ratos, o moço do violão hipnotiza e atrai diversos ouvintes.
E eles acabam ficando tão cúmplices que, como se não bastasse apenas um cantando mal, de repente são quinze cantando mal. Em coro. Tipo no fatídico momento de “Andança”. Enquanto o moço do violão entoa o refrão, o povo em volta faz o backing-vocal “Amoooor/ Amooooooor/ Me leva amooooor”. E finalmente, todos unidos: “Por onde for quero ser seu paaaaaaaaaaar”. Você alcança a cerveja mais próxima porque decide que sóbrio não vai dar para agüentar a empreitada. E quase tem ganas de atirar a latinha de alumínio vazia na cabeça do infeliz que grita, lá do meio, “Toca Rauuuuul!”. O moço do violão, fingindo ser uma alma caridosa, atende: “Eu sou a luz das estrelas/ Eu sou a cor do luar/ Eu sou as coisas da vida/ Eu sou o medo de amaaaaar”.
E você tem vontade de gritar “Você é um chato, isso sim!”, mas tem receio de parecer anti-social. Então, conformado com sua triste sina, você se senta junto ao rebanho ao som de “Eu vou ficaaaaaaaaaar ficar com certeza maluco beleeeeeeeza”. Uma hora o martírio vai terminar, é só tentar focar em outras coisas. Concentração, vamos. Pense em um bosque tranqüilo, uma bica de água fininha, bem ao longe...
Mas aí você é tragado novamente à perdição terrena quando o moço do violão começa baixinho “Um dia me disseram/ que as nuvens não eram de algodão/ Um dia me disseram que os ventos às vezes erram a direção” e você pensa sozinho com seus botões que quem errou de direção foi você, indo parar naquele programa de índio. De índio mesmo, porque agora inventaram de fazer uma fogueira para compor o cenário do moço do violão. Para o fogo de índio virar fogo de satanás é um pulinho – na verdade, o tempo exato para que um dos presentes apareça com uma gaita para acompanhar as músicas, surgindo assim mais uma figura do apocalipse.
Sim, o moço da gaita.
Ele entra nas músicas na hora errada, mas quem liga? Tá tudo tão paz e amor, bicho. Em seguida a dupla lapidada no mármore do purgatório, o moço do violão e o moço da gaita, engatam uma da Elis Regina. Mas o moço do violão só sabe metade da música. Não faz mal, começar pelo ápice é bacana, todo mundo sabe essa parte e canta juntinho.... “Já faz tempo eu vi você na rua, cabelo ao vento, gente jovem reunidaaaaaa/ Na parede da memória essa lembraaaaaaaaança é o quadro que dói mais/ Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudotudotudotudo o que fizeeeeeemos/ Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos paaaaaais”. Uma menina com cara de integrante do centro acadêmico da “Fefeleche” (faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP), saia indiana, sandália de couro e mochila peruana, acende o isqueiro e balança a chama ao vento.
Acha que acabou, malandro? Que nada! Chegou a vez dos hits internacionais! Começa com “Aaaaaai uana nooooooou/ revi iu ever sin de rein...”, emenda com um “Uldi iu nou mai neime/ Ifa só iu in réven”, segue com um “Uelcome tu de hotel Califóóóórnia/ satcha loveli pleice”, mantém o ritmo com “Noque noque noque on de révens dór”, continua com um “Na na na nananana nananana, rei jude” e terminando, obviamente, no auge, com qualquer uma do Bob Marley, de preferência “No Woman No Cry”, assim é possível fazer um medley com Gilberto Gil. Só então, finalmente exausto e rouco, lá pelas quatro da manhã, o moço do violão, sob palmas da platéia, abraça o moço da gaita como se fossem amigos de infância (acabaram de se conhecer, mas a música une as pessoas, né), bota seu instrumento de volta na mala e segue em direção ao luar.

(lembrei desse "conto" das irreverentes meninas
do já extinto blog Garotas que Dizem Ni
- cujas postagens, inclusive, transformaram-se
no delicioso livro É Impossível Comer um Só -
depois de ler o último post do Paulo.
É isso aí, Paulinho, continue "arrasando" no violão!!! rsrsrs
Não fiques chateado, sabes que eu te adoro, né?!
Mas foi irresistível! rsrsrs Beijos, querido!)

Mãos dadas


"Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas."


(não poderia deixar de postar algo da autoria de Carlos Drummond de Andrade no dia em que ele aniversaria! E esse é, sem dúvida, um de meus versos prediletos!)

domingo, 30 de outubro de 2011

Se beber, não dirija!

"O Rafael havia tirado o dia para se despedir dos colegas, porque iria passar um ano na Austráuco depois da meia-noite, deu carona para um deles, o Carlos. No meio do caminho, eles foram atingidos pelo carro do deputado estadual Carli Filho, que dirigia a 173Km/h. Segundo os policiais, ele tinha bebido quatro garrafas de vinho. O impacto da batida quebrou todos os ossos do meu filho, até os dedos, e o decapitou. Quando meu marido foi ao IML reconhecer o corpo, o funcionário disse: 'Não entre, pai. Trabalho aqui há quinze anos e nunca vi nada assim'. O deputado renunciou, mas continua dirigindo. Até hoje, não foi capaz de nos pedir desculpas." (Christiane Yared, 51 anos, de Curitiba).
(na Veja desta semana, p. 78)
"Ah, meu amor, não tenhas medo da carência:
Ela é o nosso destino maior.
O amor é tão mais fatal
do que eu havia pensado,
O amor é tão inerente quanto a
própria carência
E nós somos garantidos por uma necessidade
que se renovará continuamente.
O amor já está, está sempre.
Falta apenas o golpe da graça -
que se chama paixão."

Dito!

Não me pare.
Repare.
Encare.
Não estou aqui a passeio,
estou aqui por você.

sábado, 29 de outubro de 2011


"Ou a mulher é fria ou morde.
Sem dentada não há amor possível."

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

"A prostituta só enlouquece excepcionalmente.
A mulher honesta, sim, é que,
devorada pelos próprios escrúpulos,
está sempre no limite, na implacável fronteira."

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Nos bosques, perdido

"Nos bosques, perdido, cortei um ramo escuro
E aos lábios, sedento, levante seu sussurro:
era talvez a voz da chuva chorando,
um sino quebrado ou um coração partido.
Algo que de tão longe me parecia oculto gravemente,
coberto pela terra, um grito ensurdecido por imensos outonos,
pela entreaberta e úmida treva das folhas.
Porém ali, despertando dos sonhos do bosque,
o ramo de avelã cantou sob minha boca
E seu odor errante subiu para o meu entendimento
como se, repentinamente, estivessem me procurando
as raízes que abandonei, a terra perdida com minha infância,
e parei ferido pelo aroma errante.
Não o quero, amada.
Para que nada nos prenda para que não nos una nada.
Nem a palavra que perfumou tua boca
nem o que não disseram as palavras.
Nem a festa de amor que não tivemos
nem teus soluços junto à janela..."

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Piano bar

"Eu conheci uma guria que eu já conhecia
de outros carnavais, com outras fantasias.
Ela apareceu, parecia tão sozinha,
parecia que era minha aquela solidão."
(Engenheiros do Hawaii)

sábado, 22 de outubro de 2011

O que faz com que a tristeza e a melancolia
sejam tão mais inspiradoras e produtivas
do que a felicidade?!

Vambora

"Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Pra mudar a minha vida
Vem
Vambora
Que o que você demora
É o tempo que leva

Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Por que meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da noite
Veloz

Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Por que meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas"
(Adriana Calcanhoto)

Beijo Bandido!

                  Ney Matogrosso, 05/11 em Florianópolis/SC
Depois do álbum e do show Inclassificáveis, aclamado pelo público e pela crítica especializada, Ney Matogrosso retorna com um novo trabalho, Beijo Bandido. Com direção musical e arranjos de Leandro Braga, “Beijo Bandido”, que arrebatou o Prêmio da APCA (Associação paulista de críticos de arte) de Melhor Show de Música Popular de 2009, mergulha em uma atmosfera de recital, quase camerística, quase um contraponto a sonoridade roqueira do projeto anterior.
O título, inspirado na letra de “Invento” (Vitor Ramil), dá o tom das intenções de Ney ao realizar um projeto no qual a criteriosa seleção de repertório é sublinhada por sua reconhecida excelência vocal como intérprete. “Inicialmente, achei que seria um disco de músicas românticas - depois de pronto, me dei conta de que se trata de um álbum pop de canções brasileiras”, conta Ney.
A banda que o acompanha é formada por Leandro Braga (piano), Lui Coimbra (cello e violão), Alexandre Casado (violino e bandolim) e Felipe Roseno (percussão). O quarteto reedita no palco a sonoridade acústica presente nas 14 faixas do CD homônimo. Os figurinos do cantor são assinados mais uma vez por Ocimar Versolato.
Ney Matogrosso trouxe para Beijo Bandido músicas que já pensava em cantar: “Já queria ter gravado “Medo de Amar” (Vinícius de Moraes), mas achava que era uma música feminina – e não é”, pontua. O mesmo se deu com “Bicho de sete cabeças” (Geraldo Azevedo/Zé Ramalho/Renato Rocha). Já a música “Cor do desejo” foi entregue a Ney em Maceió, durante a turnê de Inclassificáveis, por um de seus autores, Junior Almeida.
No repertório estão ainda pérolas do cancioneiro, como “Tango para Teresa” (Evaldo Gouveia/Jair Amorim), sucesso de Ângela Maria; “De cigarro em cigarro” (Luiz Bonfá) e “Segredo” (Herivelto Martins/Marino Pinto), ambas registradas anteriormente, em diferentes concepções musicais. Já a parceria de Chico Buarque e Edu Lobo, “A Bela e a Fera” (da trilha do balé “O Grande Circo Místico”); e “Nada por mim”, balada de Herbert Vianna e Paula Toller, ganham novos contornos. Na linha da MPB pop, o cantor foi buscar “Mulher sem razão”, de Cazuza, Dé e Bebel Gilberto.
Completam o programa algumas canções que fizeram parte de roteiros de shows antigos ou foram gravadas em formações distintas da atual, como “As Ilhas” (Piazolla/Geraldo Carneiro) e “Doce de Coco” (Hermínio Bello de Carvalho), “Invento” (Vitor Ramil) e “À distância”, sucesso de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

"Afinidade é a maior tecnologia a serviço do amor,
cruzando informações que realmente importam."

domingo, 16 de outubro de 2011

Aos meus mestres, com carinho

Canção para os Fonemas da Alegria
"Peço licença para algumas coisas.
Primeiramente para desfraldar
este canto de amor publicamente.

Sucede que só sei dizer amor
quando reparto o ramo azul de estrelas
que em meu peito floresce de menino.

Peço licença para soletrar,
no alfabeto do sol pernambucano,
a palavra ti-jo-lo, por exemplo.

e poder ver que dentro dela vivem
paredes, aconchegos e janelas,
e descobrir que todos os fonemas

são mágicos sinais que vão se abrindo
constelação de girassóis gerando
em cículos de amor que de repente
estalam como flor no chão da casa.

Às vezes nem há casa: é só o chão.
Mas sobre o chão quem reina agora é o homem
diferente, que acaba de nascer:

porque unindo pedaços de palavras
aos poucos vai unindo argila e orvalho,
tristeza e pão, cambão e beija-flor,

e acaba por unir a própria vida
no seu peito partida e repartida
quando afinal descobre um clarão

que o mundo é seu também, que o seu trabalho
não é a pena que paga por ser homem,
mas um modo de amar - e de ajudar

o mundo a ser melhor. Peço licença
para avisar que, ao gosto de Jesus,
este homem renascido é um homem novo:

ele atravessa os campos espalhando
a boa-nova, e chama os companheiros
a pelejar no limpo, fronte a fronte,

contra o bicho de quatrocentos anos,
mas cujo fel espesso não resiste
a quarenta horas de total ternura.

Peço licença para terminar
soletrando a canção de rebeldia
que existe nos fonemas da alegria:

canção de amor geral que eu vi crescer
nos olhos do homem que aprendeu a ler.

Santiago do Chile,
verão de 1964."

(em Faz Escuro mas eu Canto - porque a manhã vai chegar, p. 34)

Ir ou não ir, eis a questão! - 2

sábado, 15 de outubro de 2011

Outubro Rosa

Essa postagem está na minha lista desde o início do mês, sem que eu saiba exatamente como começá-la.
Bem, vamos lá.
Há cinco anos minha mãe teve um diagnóstico de câncer de mama.
É dificílimo traduzir em palavras os sentimentos que abalaram a família inteira. Talvez perplexidade, desespero, medo, busca por ajuda e informação... Por fim, instintivamente, nos unimos ao redor dela, para que tivesse força para enfrentar as etapas seguintes.
Vou contar como foi, porque temos a mania de achar que conosco (ou com nossa família) nunca acontecerá.
Pois bem, a mãe sempre teve displasia mamária e por isso ia constantemente à gineco fazer exames e punções (pelo menos a cada seis meses). Naquele ano havia percebido (quando me mostrou, já há algumas semanas) que um dos mamilos estava sempre arrepiado. Mostrou pra minha irmã, que achou normal, fez algumas perguntas, mas não se tocou. Quando ela mostrou pra mim e disse que achava que era do frio (isso foi em agosto de 2006), eu disse:
- Ah, sim, mãe, estás com frio só em um lado do corpo?! (rsrs hoje dá pra rir... mas no dia fiquei preocupada) Há quanto tempo não vais à gineco?!
- É, esse ano dei uma relaxada... Faz mais de um ano...
- Meu Deus, mãe! Não vou nem comentar! (imediatamente tive um pressentimento muito ruim... tenho essas "bruxices" de vez em quando) Marca gineco e vai ver o que é isso aí...
(Prestem atenção: NÃO há desculpa para deixar de ir ao médico com regularidade!!!)
No dia 20 de setembro estávamos com o diagnóstico. O câncer é classificado numa escala de 1 a 5 (se não me engano), onde o 1 é o menos agressivo e o 5 o mais... o da mãe era 4!!!
Dia 13 de outubro ela estava na sala de cirurgia. O peito é aberto e os médicos esperam, depois da retirada do tumor, o exame pelo patologista, para saber se é preciso tirar mais ou não e por isso a cirurgia demora mais ou menos tempo.
A "sorte" foi que o tumor da mãe apareceu bem próximo ao mamilo... logo, não precisou fazer mastectomia nem esvaziamento dos gânglios das axilas... de qualquer forma, tirou um quadrante do seio; fez quimioterapia; perdeu todos os cabelos; fez 30 sessões de radioterapia durante 30 dias seguidos (porque o que poderia ser apenas uma incidência radioterápica durante a cirurgia só estava disponível em um hospital de Curitiba e era caríssimo!!!) e, sim, toma um anti-hormônios (arimidex) há cinco anos. Os efeitos do anti-hormônio são a falta de apetite sexual, ressecamento vaginal e ganho de peso. Mas... se tudo der certo, ano que vem ela para de tomar o anti-hormônio... só que, de qualquer forma, será considerada "curada" apenas dez anos após a cirurgia.
Foi horrível vê-la raspando a cabeça no salão, que foi escolhido por ela a dedo, pela confiança e intimidade com a pessoa que fez isso.
Cada uma das sessões de quimio foi terrível (infelizmente, pela distância em que vivia só pude acompanhar uma das quatro), não apenas pela consciência do que estávamos fazendo, mas também pelo estado em que ela ficava e pelas histórias que ouvíamos.
(Aqui cabe outro parênteses: durante essa jornada, ouvi de um homem que "a coisa mais difícil que existe é continuar a amar uma mulher sem os seios" (?!). Como não me cabe julgar ninguém, cada um que entenda como quiser...)
Enfim...
Tínhamos outro caso na família? Sim. Uma tia dela (minha tia-avó) que tirou um câncer de mama com esvaziamento dos gânglios axilares há 20 anos, mas faleceu de câncer de pulmão, aos 80 anos, no início deste ano.
Fui fazer exames? Sim. Logo após o diagnóstico da mãe, não tinha nem 35 anos (o recomendável é que se faça a primeira mamografia apenas aos 40 anos), fui fazer aquele exame tão desagradável quanto necessário, além de outros mais (é necessário também o ultrassom da mama, que muitas vezes - nesses tempos de silicone - aponta problemas que  na mamografia não aparecem).
Como podem perceber, não tenho conhecimento suficiente além da lembrança da dolorosa experiência pessoal. Então, visando esclarecer um pouco, peguei emprestada a postagem da Flávia. Leiam até o fim! Mesmo vocês, homens, porque já é percebida a ocorrência de câncer nos rapazes nessa mesma região... e, se não for por isso, que seja pelas mulheres por quem vocês vivem cercados!!!
Ei-lo:

"Outubro Rosa: Top 10 coisas que você precisa saber sobre o câncer de mama

Outubro Rosa
Outubro, pra quem não sabe, é mês do Outubro Rosacampanha mundial em prol da divulgação da prevenção e dos perigos do câncer de mama. Hoje é o lançamento da campanha para os blogs aqui em São Paulo, onde estarei presente, e (imagino) posteriormente vão rolar blogagens coletivas visando conscientizar as pessoas da importância vital do diagnóstico precoce. Eu começo minha campanha no blog hoje, falando sobre 10 coisas que deveríamos saber sobre o câncer de mama :

1. – Aspectos Gerais

De acordo com o Inca, o câncer de mama é o que mais causa morte entre as mulheres. No mundo, é uma das principais causas de mortalidade feminina, sendo raro até os 35 anos, com os riscos aumentando progressivamente após essa idade

2. Fatores de Risco

Os maiores fatores de risco são : Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento de um câncer de mama estão a idade e o histórico familiar. Ingestão de álcool, menarca precoce, menopausa tardia, ocorrência da primeira gravidez após os 30 anos e nuliparidade (não ter filhos) também são exemplos de fatores de risco para o desenvolvimento do câncer.

3. Sintomas

Os sintomas do câncer de mama palpável são o nódulo ou tumor no seio, acompanhado ou não de dor mamária. Podem surgir alterações na pele que recobre a mama, como abaulamentos ou retrações ou um aspecto semelhante a casca de uma laranja. Podem também surgir nódulos palpáveis na axila.

4. Da necessidade do diagnóstico precoce :

Se no momento do diagnóstico o tumor tiver menos de 1 centímetro (estágio inicial), as chances de cura chegam a 95%. Quanto maior o tumor, menor a probabilidade de vencer a doença. A detecção precoce é, portanto, uma estratégia fundamental na luta contra o câncer de mama.

5. O auto exame não é mais o melhor modo de diagnosticá-lo

Durante muito tempo, as campanhas de conscientização para o câncer de mama divulgaram a ideia de que o autoexame das mamas, baseado na palpação, era a melhor forma para detectá-lo precocemente. Mas o tempo passou, a medicina evoluiu e as recomendações mudaram.
O autoexame continua sendo importante – mas de forma secundária. Quando o tumor atinge o tamanho suficiente para ser palpado, já não está mais no estágio inicial, e as chances de cura não são máximas.

6. A mamografia é essencial para o diagnóstico precoce

Para que seja possível um diagnóstico precoce, é preciso que se faça a mamografia, que consegue detectar nódulos de tamanhos muito menores do que o auto-exame é capaz de fazê-lo. Especialistas estimam que mortalidade por câncer de mama em mulheres entre 50 e 69 anos poderia ser reduzida em um terço se todas as brasileiras fossem submetidas à mamografia uma vez por ano.
No entanto, apenas 35% das mulheres brasileiras têm conhecimento de que a mamografia é o caminho para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Tal desconhecimento faz com que tenha sido percebido um aumento na mortalidade causada pela doença aqui no Brasil, enquanto que esse número vem diminuindo nos países desenvolvidos – diferença essa em grande parte atribuída ao diagnóstico tardio (Entre 1999 e 2003, quase metade dos casos de câncer de mama foram diagnosticados em estágios avançados, segundo estudo do Instituto Nacional de Câncer – Inca).
É de suma importância portanto, que essa informação chegue às pessoas menos esclarecidas.

7. SUS é obrigado por lei a fazer mamografia anual em mulheres acima de 40 anos

Com o advento da Lei Federal nº 11.664/2008, em vigor a partir de 29 de abril de 2009, o SUS passa a ser obrigado a fazer ANUALMENTE exames de mamografia na mulher acima de 40 anos.
No entanto, para que tal lei seja cumprida, é preciso pressão e fiscalização da sociedade – e cumpre a nós pressionar e fiscalizar a o governo.

8. Mamografia deve ser feita em locais abalizados

Outro problema que prejudica a detecção precoce do câncer de mama é a má qualidade das mamografias feitas no País. Numa pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), 77% dos exames foram rejeitados por problemas técnicos relacionados à qualidade da imagem, ao posicionamento incorreto das pacientes e ao uso inadequado dos equipamentos. O resultado é, além de tumores que passam despercebidos e de biópsias desnecessárias, o grande número de mamografias que precisam ser refeitas.
Para combater o problema, o Colégio Brasileiro de Radiologia, em parceria com o Inca e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), criou, em 2005, um programa de certificação de mamógrafos, que conta com o apoio da Femama e do Instituto Avon – mas eles ainda são muito poucos.

9. Ele não atinge só as mulheres

Estamos acostumados a associar o câncer de mama apenas às mulheres; no entanto, apesar de o número de homens atingidos pela doença ser bem inferior (apenas 1% de todos os casos) , e bom ficar atento – principalmente aqueles que possuem histórico de câncer na família.

10. Leis amparam os acometidos pela doença

E é preciso se informar. Alguns exemplos:
- saque do FGTS e PIS quando titular ou dependentes sofram da doença;
- reconstrução da mama através do SUS;
- compra de veículo isento de IPI, ICMS e IPVA, dispensado do rodízio (em SP);
- passe livre nos transportes públicos;
- quitação do imóvel pelo SFH nos casos de invalidez permanente comprovada;
É necessário informar-se corretamente quanto a isso.
Pink for October by Josué Salazar
Já disse na blogagem do ano passado: pertencer a uma elite não significa ter carro carro ou viajar pro exterior; significa acima de tudo ter consciência do seu papel na sociedade, papel esse que implica em melhorar o que está a nossa volta. E já aviso: isso não se faz apenas com doação de dinheiro; se faz através de empenho pessoal. Que tal informar aqueles que estão à sua volta e que talvez tenham menos conhecimento ou acesso à informação que você hein? Pra mim, cidadania é isso. E pra você?
****

Informe-se mais:

- Mulher Consciente
- FEMAMA
- Outros links de interesse

****
Na verdade eu não estou sabendo ainda de nenhuma blogagem coletiva nos moldes da do ano passado. Mas se vc fizer um post a respeito (e dá pra fazer, ainda que seja um blog de tema específico – é só ser criativo, ou criar post off-topic) manda o link pra cá que eu encaminho depois ou aviso tá?"

Até a Figueira da Praça XV (e, pelo que ouvi, a Ponte Hercílio Luz) estão iluminadas de rosa este mês!

"You've been running away
from what you don't understand.
[...]
Let her talk about
the things you can't explain."
(Mysterious Ways, do U2)

Ir ou não ir, eis a questão! - 1

Fernanda Montenegro reestreia "Viver Sem Tempos Mortos" em São Paulo
Peça baseada nas memórias de Simone de Beauvoir ganha curta temporada na Fecomércio
Marco Tomazzoni, iG São Paulo | 08/10/2011 16:05
enviar por e-mail
Fernanda Montenegro reestreia "Viver Sem Tempos Mortos" em São PauloPeça baseada nas memórias de Simone de Beauvoir ganha curta temporada na Fecomércio

* campos são obrigatórios
corrigir
Fernanda Montenegro reestreia "Viver Sem Tempos Mortos" em São PauloPeça baseada nas memórias de Simone de Beauvoir ganha curta temporada na Fecomércio

* campos obrigatórios
Foto: Divulgação
Fernanda Montenegro em "Viver Sem Tempos Mortos": monólogo minimalista
Aos 82 anos, Fernanda Montenegro dá provas de uma disposição de fazer cair o queijo. Se não bastasse a ideia de encabeçar um monólogo, escrito, é bom dizer, por ela mesma, a atriz ainda escolheu como tema a vida da francesa Simone de Beauvoir, filósofa e ensaísta, mulher de Jean-Paul Sartre, defensora do feminismo e aríete do senso comum no século passado. Embuída desse espírito revolucionário, ainda batizou a peça de "Viver Sem Tempos Mortos", palavra de ordem repetida em maio de 68. Inquietação, portanto, é o que move Fernanda na nova temporada do espetáculo, que reestreia em São Paulo neste sábado (08).
O dicionário autoriza o uso da palavra, mas a atriz defende que não é um "espetáculo", não no sentido comumente usado. "De espetáculo não tem nada. Não tem penduricalhos, parangolés. Ele é essencial, muito dentro do que eu esperava", disse, em entrevista na capital paulista, onde se apresentou com a peça por um curto período em 2009.
A ideia surgiu numa conversa com o amigo Sérgio Britto, quando os dos ficaram interessados em adaptar "Tête-à-Tête", história da relação de Sartre e Beauvoir. A parceria não evoluiu e Montenegro decidiu levar o projeto adiante por conta própria. A partir das correspondêncidas e da autobiografia de Simone, escreveu um resumo de 200 páginas, depois diminuído para 30. "É apenas um cheiro, um nada em relação à vida dessa mulher – só de autobiografia são seis volumes."
A atriz tinha, então, um texto estritamente literário, mas não sabia se "dava samba" em cena. Depois de uma conversa com o diretor Felipe Hirsch, não só ficou tranquila como encontrou uma "simbiose maravilhosa". "Hirsch é um minimalista, um dos poucos diretores brasileiros que fogem do barroquismo. Muito criativo, mas sem ser histriônico."
Isso levou a um teatro sem dramaturgia, trilha sonora ou atores coadjuvantes. No palco, apenas Fernanda com um figurino sóbrio, uma cadeira e um facho de luz. "Entro, sento na cadeira e falo como se fosse a memória de Simone sendo contada."
Para a atriz, um monólogo é sempre um desafio do tipo "viver ou morrer", mas que, na sua opinião, acabou se tornando o retrato de um período de recursos parcos para a produção teatral, mais do que um opção meramente estética.

Foto: André Giorgi
A atriz durante entrevista em São Paulo: inquietação, feminismo e coragem no palco
"Estamos vivendo a era do monólogo. Teatro é caro. Não é algo que se compra na prateleira ou na calçada. Hoje está acontecendo uma pulverização do orçamento, se distribuindo mais para aqueles que nunca tiveram. Não dá mais para fazer espetáculos como fazíamos antigamente. Hoje em dia ter dois ou três atores em cena já é muita gente."
Liberdade e verdade
Fernanda Montenegro tomou contato com a obra de Simone de Beauvoir pela primeira vez aos 19 anos, ao ler "O Segundo Sexo", divisor de águas do pensamento feminista. "Mudou o mundo. Antes disso, o homem era considerado o centro, o absoluto, e a mulher, o outro. Um ser superior e outro que está ao lado para pegar o que resta da mesa."
"Sem Sartre e Simone, não haveria 68 em Paris. Eram provocadores, contribuíram para a mudança libertária que hoje vemos no mundo. Tinham dois princípios: liberdade e verdade", acrescentou.
Mais do que colocar a plateia para refletir sobre suas certezas, a ideia da atriz de mergulhar na obra de Beauvoir também estava relacionada a um desejo de refletir sobre sua própria vida. "Já estou com a idade que estou, há 65 anos vivendo publicamente. Passei por muitos textos, mudança de vida, cidade, filhos, netos, perdi pai, irmã, família. Experiências duras. Simone tem sempre algo que faz você refletir. E pessoas de idade gostam de contar sobre sua vida, para relembrá-la."
Idade que não parece pesar. Ao ser perguntada sobre a reestreia de "Viver Sem Tempos Mortos", Montenegro tem humildade para assumir e dizer: "sinto que melhorei".
Serviço – "Viver Sem Tempos Mortos" em São Paulo
De 08 de outubro a 27 de novembro de 2011
Teatro Raul Cortez, Fecomércio
Sextas, às 21h30; sábados, às 21h; domingos, às 18h
Ingressos de R$ 80 (sexta e domingo) a R$ 100 (sábado)
Informações: (11) 3254-1700

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Intimacy

"Intimidade é quando a vida da gente relaxa diante de outra vida e respira macio. Não há porque se defender de coisa alguma nem porque se esforçar para o que quer que seja. O coração pode espalhar os seus brinquedos. Cantar a música que cada instante compõe. Bordar cada encontro com as linhas do seu próprio novelo. Contar as paisagens que vê enquanto cria o caminho. Andar descalço, sem medo de ferir os pés.”  


Intimidade é uma das coisas mais difíceis de se compartilhar.
É quase uma bênção se sentir realmente à vontade com alguém...
sem freios, sem filtros, sem maquiagem... raro, muito raro!
Então, fique atento a quem te rodeia...
perceba quem te permite e a quem permites...
isso pode ser definitivo!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

E por falar em...

"E por falar em saudade onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou louco de tanto prazer
E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava,onde a gente se amava
Em total solidão
Hoje eu saio da noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares,que apesar dos pesares
Me trazem você
E por falar em paixão, em razão de viver
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você."
(passei o dia com essa música linda na cabeça...
lembro que na capa do LP estavam juntos: Tom, Vinícius, Miúcha e Toquinho)
"Eu sinto ciúme quando alguém te abraça,
porque por um segundo
essa pessoa está segurando meu mundo inteiro."

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

"Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponhos vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão nevegando
nos ares certos do tempo
até não se sabe quando...
- e um dia me acabarei."

Feliz Dia das Crianças!

domingo, 9 de outubro de 2011

"Condenado estou a te amar
nos meus limites
até que exausta e mais querendo
um amor total, livre das cercas,
te despeça de mim, sofrida,
na direção de outro amor
que pensas ser total e total será
nos seus limites da vida.

O amor não se mede
pela liberdade de se expor nas praças
e bares, em empecilho.

É claro que isto é bom e, às vezes,
sublime.

Mas se ama também de outra forma, incerta,
e este o mistério:
- ilimitado o amor às vezes se limita,
proibido é que o amor às vezes se liberta.

Ele quis morrer para arrasar a morte e voltar."

sábado, 8 de outubro de 2011

"Este então era o homem: dotado de uma inteligência penetrante, não teórica, não contemplativa, que ia ao centro do assunto, silencioso e relutante em se revelar, distante e provavelmente também tímido, de qualquer forma não muito interessado em si mesmo, mas incrivelmente curioso e, primeiro e acima de tudo, poeta - isto é, alguém que tem que dizer o indizível, que não consegue ficar quieto nas ocasiões em que todos estão quietos, e portanto deve ter cuidado de não falar demais sobre coisas que todos falam."
(em Homens em Tempos Sombrios, p. 194-195)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

"A dor é leal, não pede nada em troca.
Acordo e tenho a memória da casa,
não a casa,
a memória da mulher,
não a mulher.
Abandonar a si é coragem.
Abandonar o outro é covardia."
(em Como no céu/Casa de visitas, p. 99)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Por quê?

Porque o corpo só nos ensina a ser mortal (?).

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Tipos de gente

Chefe 'pinus elliotis':
aquele que não deixa nada (ninguém)
crescer embaixo!

A Déia colocaria: "Da série Tipos de Gente"! rsrsrs

A pedido: mais de Maria Bethânia

Esse ponto do espetáculo me fez lembrar de uma pessoa em particular, que me é muito cara e, inclusive, já leu o que segue abaixo. Isso porque, tenho certeza, também ficará registrado no coração, retina e pensamentos de seus alunos... e estes levarão as boas sementes recebidas pelo resto de suas vidas!
Que saibam onde, quando e como plantá-las!
Ocorre que, como o Dilmar pediu, e realmente acredito que as coisas boas devem ser compartilhadas, segue mais um trecho de "Bethânia e as Palavras":
“... eu gostei, porque esses são trechos do poema ‘Ciclo’ do meu professor ginasial de português, professor Nestor de Oliveira.
Em suas aulas, além de didática, aprendia-se a ouvir, a ler, a dizer poesia. Caetano Veloso, também seu aluno, foi quem musicou esses versos.
Isso acontecia numa escola pública do recôncavo baiano. E eu falo sobre isso só para lembrar de que é possível, sim, uma boa e plena educação nas escolas públicas.
Felizmente podemos assistir ao extraordinário trabalho de professores que vencem todas as dificuldades, ultrapassam limites, dedicam suas vidas, com esforço e com grande prazer, e conseguem cumprir tarefa tão nobre: educar.
[...]
Eu fui aluna de escola pública; eu, Maricotinha, e recebi, dentre outras, talvez a que mais prezo, a “Comenda da Ordem do Desassossego”, em reconhecimento pela divulgação da obra de Fernando Pessoa.
Obrigada, Professor Nestor, bravo!”

(Dito isso, Bethânia foi ovacionada pela plateia!)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Sempre fui dos espaços abertos,
mezaninos,
janelas escancaradas.
Hoje sou dos abajures,
da penumbra,
da iluminação indireta.
É...
As verdades não são mais absolutas,
os ideais tão grandiosos,
nem tudo é tão claro...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011


"Eu tenho uma espécie de dever,
de dever de sonhar, de sonhar sempre,
pois sendo mais do que um espectador de mim mesmo, eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco,
cenário para viver o meu sonho entre luzes brandas e músicas invisíveis."

domingo, 2 de outubro de 2011

Ao ouvir tua voz, recordei o gestual e o jeito de olhar.
Senti a entonação do conformismo e da revolta silenciosa,
apenas amargura.
Vi emergir tudo o que finalmente percebi ser da essência tua.
Nada em mim me impede, mas tudo em ti nos impede.

Eu quero fazer com você um pacto de delicadeza!

"'Vivo clandestina e não é mole essa vida clandestina.
Mas posso me orgulhar da qualidade da minha pele
e da temperatura do meu beijo.
Eu quero fazer com você um pacto de delicadeza.
Eu quero me sentir Alteza,
para te ceder todos os músculos,
ser arbusto dos seus beijos.
Vamos sair esburacando a madrugada
trocando beijos e tragadas.
A lua é uma lantejoula da Nasa
que brilha leitosa no meu vestido estrelado.'

Esse poema dos anos 70, 80, é do Fausto Fawcett. Nessa época, apesar da Ditadura Militar, dos exílios, da censura, havia um prazer de compartilhar o que nos comovesse. Não pensávamos em reconhecimento, valores, temores e rigores, nada... apenas o desejo e o prazer de compartilhar. Como agora.
A cada leitura escolho autores diferentes, textos, livros, loucos, belos...

'Eu gosto dos venenos mais lentos,
das bebidas mais amargas.
Eu tenho um apetite voraz
Eu sonho os delírios mais soltos,
os desejos mais loucos.
Você pode me empurrar para o precipício
que eu não me importo
Eu adoro voar!'
(esse de Clarice Lispector)."

(trecho do show Bethânia e as Palavras, que assisti em 30 de setembro de 2011,
no Teatro Pedro Ivo, em Florianópolis/SC)

Não é divino o "eu quero fazer com você um pacto de delicadeza"?!
Quantas pessoas ainda conseguem fazer e cumprir um pacto desses
 de corpo e alma?!

Fascínio

"Casado, continuo a achar as mulheres irresistíveis.
Não deveria, dizem.
Me esforço.
Aliás, já nem me esforço.
Abertamente me ponho a admirá-las.
Não estou traindo ninguém, advirto.
Como pode o amor trair o amor?
Amar o amor num outro amor
é um ritual que, amante, me permito."