quarta-feira, 30 de novembro de 2011

I could really use a whish right now

"Can we pretend that airplanes in the night sky are
like shooting stars
I could really use a wish right now,
a wish right now!"

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Presença

"É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te."

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Viagem de Théo

" 'Ide tranquilamente entre o tumulto e a pressa e lembrai-vos da paz que pode existir no silêncio. Sem alienação, vivei tanto quanto possível em bons termos com todas as pessoas.
Dizei calma e claramente vossa verdade, e ouvi os outros, mesmo o pobre de espírito e o ignorante; eles tb têm sua história.
Evitai os indivíduos barulhentos e agressivos, eles são um insulto para o espírito.
Não vos compareis com ninguém: correríeis o risco de vos tornar vaidosos. Sempre há alguém maior e menor que vós.
Desfrutai vossos projetos assim como vossas realizações, sede sempre interessados em vossa carreira, por mais modesta que seja: é uma verdadeira posse nas prosperidades mutáveis do tempo. Sede prudentes em vossos negócios, porque o mundo está cheio de malícias.
Mas não sejais cegos no que concerne à virtude que existe: vários indivíduos buscam os grandes ideiais e em toda parte a vida é repleta de heroísmos.
Sede vós mesmos.
Sobretudo não simuleis a amizade!
Tampouco sede cínico no amor, porque em face de qualquer esterilidade e de qualquer desencanto ele é tão eterno quanto a relva.
Aceitai com bondade o conselho dos anos renunciando com graça a vossa juventude.
Fortalecei a prudência do espírito para vos proteger em caso de infortúnio repentino.
Mas não vos aborreçais com quimeras!
Numerosos temores nascem da fadiga e da solidão... Para lá de uma disciplina sadia, sede ternos convosco mesmos.
Sois filhos do universo, tanto quanto as árvores e as estrelas tendes o direito de estar aqui. E, percebais ou não, o universo se desenrola sem dúvida como deveria.
Estai em paz com Deus, quaquer que seja vossa concepção dele e, quaisquer que sejam vossas obras e vossos sonhos, guardai no desconcerto ruidoso da vida a paz em vossa alma. Com todas as suas perfídias, as suas tarefas fastidiosas e os seus sonhos desfeitos, o mundo é belo!
Prestai atenção: tratai de ser felizes.'
Encontrado numa velha igreja de Baltimore em 1962. Autor desconhecido."
(em A Viagem de Théo, p. 613)

Remexi nesse velho livro por conta da conversa sobre
religião, crença e fé com um grande amigo.
Acabei me deparando com esse belo trecho
assinalado por mim lá nos idos de 198...  e pedrinha... rs
Por isso, divido com vcs!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Detalhes

(Michelle Pfeiffer e Michael Keaton protagonizando
uma das cenas mais sexies do gênero em Batman Returns)

"Homem é um bicho mal acostumado, desde os tempos da mamãe. Por culpa dela, ele se sente um pet [risos]! Não trate seu parceiro como um cachorrinho, a não ser aceitando as lambidas que ele lhe der [gargalhadas gostosas]."
(Deliciosa crônica de Eduardo Dussek - sim, aqueeele -
na revista Lola desse mês, p. 76-77)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

"Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distração animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só
Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar."

(em Poemas Completos de Alberto Caeiro, p. 85)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Desejo

"Gostaria de te desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente.
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes.
E que eles possam te mover a cada minuto,
ao rumo da sua felicidade!"

domingo, 6 de novembro de 2011

A Cor do Desejo por Ney Matogrosso


"A tua boca anda oca
Da minha língua
Da minha língua
A minha língua anda à mingua
Sem tua boca
Sem tua boca
Exatos são os teus olhos
Que invadem
E me revelam teu coração
Exata é a cor do teu deserto
A dor do teu deserto
Exatos são os teus beijos
Que me acertam
E a ti revelam meu coração
Exata é a cor do teu desejo
A dor do teu desejo.
(de Júnior Almeida)

Estou feliz!!!
Apesar de tudo, esse ano consegui realizar meus grandes sonhos com relação à MPB!
Assistir à Bethânia e ao Ney!
Ontem à noite fui ao show do Ney Matogrosso!
Inebriante!
Nunca vi um artista com a expressão corporal dele!!
E ainda é sedutor, carismático, cativante, sexy... um jeito de olhar que parece desnudar o outro. Penetrante. 
Sem falar naquela voz que rasga o peito da gente e dispensa comentários.
Amei!!!
A música acima eu confesso que desconhecia... mas interpretada por ele, foi de arrepiar!!!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Amar

"Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita."

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Será que deslocamos os desejos não satisfeitos,
ou permanecem eles lá(tentes)?!
A espera... sempre.

A Divina Arte de Explicar a Arte

"Não são poucos os que dizem que compreender a arte é algo complexo e, por vezes, confuso e sem sentido. Talvez os que assim pensam têm em mente a arte contemporânea, questionável e polêmica por si mesma, mas certamente não conhecem o que há de mais claro e conciso em termos de apresentação da história da arte em televisão em nossos dias: os documentários produzidos pela BBC de Londres e apresentados por Wendy Beckett.
Beckett é uma estudiosa da história da arte e tornou-se famosa no mundo por meio da série de programas para a televisão que começam a ser veiculados em rede aberta no Brasil por meio, é claro, da rede de televisão educativa, aos domingos. Há algo de muito peculiar em Wendy Beckett: ela não é particularmente bonita (tem dentes pronunciados e usa pesados óculos) e foge a todos os padrões de beleza que uma emissora de televisão comercial no Brasil exigiria, por exemplo, para uma mulher de sua idade que comandasse um programa de televisão; tampouco é uma celebridade cuja fama repentina tenha motivado a BBC a investir em um programa de televisão qualquer que aproveitasse sua imagem carismática. Wendy Beckett foi convidada pelo canal de televisão britânico por conta de seu vasto conhecimento de história da arte, e sua qualidade como apresentadora é que a fez famosa mundo afora. Mas o mais peculiar de tudo isso é, talvez, o traço mais encantador desta mulher incomum: ela é uma freira sul-africana, residente do Reino Unido desde a década de 1970 e apresenta-se em suas aparições televisivas vestindo o tradicional hábito de irmã de caridade carmelita – o que significa dizer, em outras palavras, que ela é o que chamamos de uma freira contemplativa, ou seja, vive enclausurada em seu mosteiro, obtendo permissão para de lá sair apenas por ocasião de seus compromissos seculares, que são cada vez mais raros e que se resumiam, praticamente, à filmagem da série de documentários para a emissora de televisão britânica.
Assistindo-se a um de seus programas, ainda que com a dublagem brasileira (ótima, por sinal) a tirar um pouco do encantamento dos documentários, tem-se o que muitos consideram a mais clara, cristalina, didática explicação dos períodos da história da arte por ela analisados e das obras de arte mais significativas de cada um deles. Mas sua extraordinária habilidade para levar a arte universal ao público leigo é, em verdade, ainda mais fascinante por sua capacidade de explicar a arte em termos maravilhosamente humanos, sem tecnicismos desnecessários, sem pedantismo, sem a limitação de sua mensagem aos supostos conoisseurs de arte. Isso faz com que suas observações nunca sejam enfadonhas ou obscuras, conseguindo o mágico efeito de aprofundar as conexões entre o expectador e a obra de arte analisada de uma forma que, de tão simples, ganha ares de genialidade televisiva. No programa exibido em 02 de abril de 2006, pela TVE gaúcha, irmã Wendy mostrou os motivos pelos quais o barroco floresceu em Roma, a razão de ser do estilo de seus principais pintores e ressaltou a importância de nomes como Rubens e El Greco, que de algum modo surgiram fora do circuito romano das artes da época mas se alinharam com o arcabouço imaginativo daqueles artistas. E tudo isso de uma forma clara e precisa, lançando até mesmo luzes sobre temas periféricos para alguns grandes historiadores da arte – como, por exemplo, as diferenças estéticas da obra de um dos raríssimos exemplos de mulheres pintoras do barroco, Artemisia Gentileschi (1593 – 1652), para as obras de outros seus contemporâneos do sexo masculino (veja foto acima). E, acreditem, não parece haver temas que sejam tabu para a irmã Wendy Beckett.
Fica a impressão de que o claustro, por ela livremente escolhido, fez um bem enorme para a irmã Wendy Beckett, pois a afastou das discussões desnecessárias da academia – não que ela tenha fugido de uma formação acadêmica em história da arte; muito pelo contrário, seu amor pela arte fez com que ela recebesse uma autorização especial de sua superiora para cursar história da arte – e deixou sua mente livre para a clareza impressionante que demonstra em suas aparições televisivas.
Diferentemente de outros religiosos que têm invadido a mídia brasileira – de padres cantores a pastores sambistas -, a irmã Wendy Beckett, avessa a badalações e à mídia, retornou à paz de seu convento e ao convívio com suas irmão carmelitas no auge de sua, digamos, fama internacional. Antes de retirar-se definitivamente da vida secular, e durante o pequeno período de dez anos que durou seu compromisso com a BBC de Londres, Wendy Beckett produziu vinte e sete livros e dezessete documentários sobre história da arte, nos quais visita diversos museus do mundo e explica, in loco, a beleza e a genialidade por trás de algumas das mais grandiosas obras-primas da arte ocidental. Alguns poucos felizardos tiveram, também, a oportunidade de assistir ao vivo algumas de suas conferências em universidades britânicas e norte-americanas; hoje a freira retornou à vida de clausura em seu convento.
Depois de assistir o programa da irmã Wendy Beckett, perguntei-me porque as pessoas parecem procurar sempre o caminho mais difícil para explicar as questões do mundo, sobretudo quando o assunto é a arte. Lá do claustro do Convento de Notre Dame, em Londres, irmã Wendy Beckett, ora pro nobis."
(Disponível em: http://locutorio.blog.com/2006/04/03/a-divina-arte-de-explicar-a-arte/, acesso em 2.11.2011)

Há, no youtube, a quem interessar possa, vários episódios dos excelentes programas,
mas infelizmente apenas em inglês...

Casa de Brinquedos

"Chegamos, filho, é aqui.
Prepare-se, aqui você vai descobrir o vale encantado.
Vai chegar a caverna misteriosa.
Vai conhecer o estranho laboratório do cientista louco.
E eu queria lhe dizer uma coisa:
- Não esqueça filho, que uma rosa não é uma rosa,
Uma rosa é uma manhã, uma mulher, um grande amor.
Uma rosa é uma invenção sua.
O mundo é uma invenção sua.
Você lhe dá sentido, você o faz bonito,
Você o cola de coisas.
O brinquedo, o que é o brinquedo?
Duas ou três partes de plástico, de lata,
Uma matéria fria, sem alegria, sem história.
Mas não é isso, não é, filho?
Porque você lhe dá vida
Você faz ele voar, viajar...
Vamos filho, sabe que lugar é esse?
É um lugar de sonhos.
Uma casa de brinquedos.
Vamos entrar?"