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segunda-feira, 21 de junho de 2010

A Noite

A Noite 1
Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada em minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta.

A Noite 2
Eu adormeço às margens de uma mulher: eu adormeço às margens de um abismo.

A Noite 3
Eles são dois por engano. A noite corrige.

A Noite 4
Solto-me do abraço, saio às ruas.
No céu, já clareando, desenha-se, finita, a Lua.
A Lua tem duas noites de idade.
Eu, uma.

(Eduardo Galeano em Mulheres)

domingo, 2 de maio de 2010

"Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói.
Pequena morte, chamam na França, a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce."
(Eduardo Galeano)