Essa postagem está na minha lista desde o início do mês, sem que eu saiba exatamente como começá-la.
Bem, vamos lá.
Há cinco anos minha mãe teve um diagnóstico de câncer de mama.
É dificílimo traduzir em palavras os sentimentos que abalaram a família inteira. Talvez perplexidade, desespero, medo, busca por ajuda e informação... Por fim, instintivamente, nos unimos ao redor dela, para que tivesse força para enfrentar as etapas seguintes.
Vou contar como foi, porque temos a mania de achar que conosco (ou com nossa família) nunca acontecerá.
Pois bem, a mãe sempre teve displasia mamária e por isso ia constantemente à gineco fazer exames e punções (pelo menos a cada seis meses). Naquele ano havia percebido (quando me mostrou, já há algumas semanas) que um dos mamilos estava sempre arrepiado. Mostrou pra minha irmã, que achou normal, fez algumas perguntas, mas não se tocou. Quando ela mostrou pra mim e disse que achava que era do frio (isso foi em agosto de 2006), eu disse:
- Ah, sim, mãe, estás com frio só em um lado do corpo?! (rsrs hoje dá pra rir... mas no dia fiquei preocupada) Há quanto tempo não vais à gineco?!
- É, esse ano dei uma relaxada... Faz mais de um ano...
- Meu Deus, mãe! Não vou nem comentar! (imediatamente tive um pressentimento muito ruim... tenho essas "bruxices" de vez em quando) Marca gineco e vai ver o que é isso aí...
(Prestem atenção: NÃO há desculpa para deixar de ir ao médico com regularidade!!!)
No dia 20 de setembro estávamos com o diagnóstico. O câncer é classificado numa escala de 1 a 5 (se não me engano), onde o 1 é o menos agressivo e o 5 o mais... o da mãe era 4!!!
Dia 13 de outubro ela estava na sala de cirurgia. O peito é aberto e os médicos esperam, depois da retirada do tumor, o exame pelo patologista, para saber se é preciso tirar mais ou não e por isso a cirurgia demora mais ou menos tempo.
A "sorte" foi que o tumor da mãe apareceu bem próximo ao mamilo... logo, não precisou fazer mastectomia nem esvaziamento dos gânglios das axilas... de qualquer forma, tirou um quadrante do seio; fez quimioterapia; perdeu todos os cabelos; fez 30 sessões de radioterapia durante 30 dias seguidos (porque o que poderia ser apenas uma incidência radioterápica durante a cirurgia só estava disponível em um hospital de Curitiba e era caríssimo!!!) e, sim, toma um anti-hormônios (arimidex) há cinco anos. Os efeitos do anti-hormônio são a falta de apetite sexual, ressecamento vaginal e ganho de peso. Mas... se tudo der certo, ano que vem ela para de tomar o anti-hormônio... só que, de qualquer forma, será considerada "curada" apenas dez anos após a cirurgia.
Foi horrível vê-la raspando a cabeça no salão, que foi escolhido por ela a dedo, pela confiança e intimidade com a pessoa que fez isso.
Cada uma das sessões de quimio foi terrível (infelizmente, pela distância em que vivia só pude acompanhar uma das quatro), não apenas pela consciência do que estávamos fazendo, mas também pelo estado em que ela ficava e pelas histórias que ouvíamos.
(Aqui cabe outro parênteses: durante essa jornada, ouvi de um homem que "a coisa mais difícil que existe é continuar a amar uma mulher sem os seios" (?!). Como não me cabe julgar ninguém, cada um que entenda como quiser...)
Foi horrível vê-la raspando a cabeça no salão, que foi escolhido por ela a dedo, pela confiança e intimidade com a pessoa que fez isso.
Cada uma das sessões de quimio foi terrível (infelizmente, pela distância em que vivia só pude acompanhar uma das quatro), não apenas pela consciência do que estávamos fazendo, mas também pelo estado em que ela ficava e pelas histórias que ouvíamos.
(Aqui cabe outro parênteses: durante essa jornada, ouvi de um homem que "a coisa mais difícil que existe é continuar a amar uma mulher sem os seios" (?!). Como não me cabe julgar ninguém, cada um que entenda como quiser...)
Enfim...
Tínhamos outro caso na família? Sim. Uma tia dela (minha tia-avó) que tirou um câncer de mama com esvaziamento dos gânglios axilares há 20 anos, mas faleceu de câncer de pulmão, aos 80 anos, no início deste ano.
Tínhamos outro caso na família? Sim. Uma tia dela (minha tia-avó) que tirou um câncer de mama com esvaziamento dos gânglios axilares há 20 anos, mas faleceu de câncer de pulmão, aos 80 anos, no início deste ano.
Fui fazer exames? Sim. Logo após o diagnóstico da mãe, não tinha nem 35 anos (o recomendável é que se faça a primeira mamografia apenas aos 40 anos), fui fazer aquele exame tão desagradável quanto necessário, além de outros mais (é necessário também o ultrassom da mama, que muitas vezes - nesses tempos de silicone - aponta problemas que na mamografia não aparecem).
Como podem perceber, não tenho conhecimento suficiente além da lembrança da dolorosa experiência pessoal. Então, visando esclarecer um pouco, peguei emprestada a postagem da Flávia. Leiam até o fim! Mesmo vocês, homens, porque já é percebida a ocorrência de câncer nos rapazes nessa mesma região... e, se não for por isso, que seja pelas mulheres por quem vocês vivem cercados!!!
Ei-lo:
"Outubro Rosa: Top 10 coisas que você precisa saber sobre o câncer de mama
Outubro, pra quem não sabe, é mês do Outubro Rosa – campanha mundial em prol da divulgação da prevenção e dos perigos do câncer de mama. Hoje é o lançamento da campanha para os blogs aqui em São Paulo, onde estarei presente, e (imagino) posteriormente vão rolar blogagens coletivas visando conscientizar as pessoas da importância vital do diagnóstico precoce. Eu começo minha campanha no blog hoje, falando sobre 10 coisas que deveríamos saber sobre o câncer de mama :
1. – Aspectos Gerais
De acordo com o Inca, o câncer de mama é o que mais causa morte entre as mulheres. No mundo, é uma das principais causas de mortalidade feminina, sendo raro até os 35 anos, com os riscos aumentando progressivamente após essa idade
2. Fatores de Risco
Os maiores fatores de risco são : Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento de um câncer de mama estão a idade e o histórico familiar. Ingestão de álcool, menarca precoce, menopausa tardia, ocorrência da primeira gravidez após os 30 anos e nuliparidade (não ter filhos) também são exemplos de fatores de risco para o desenvolvimento do câncer.
3. Sintomas
Os sintomas do câncer de mama palpável são o nódulo ou tumor no seio, acompanhado ou não de dor mamária. Podem surgir alterações na pele que recobre a mama, como abaulamentos ou retrações ou um aspecto semelhante a casca de uma laranja. Podem também surgir nódulos palpáveis na axila.
4. Da necessidade do diagnóstico precoce :
Se no momento do diagnóstico o tumor tiver menos de 1 centímetro (estágio inicial), as chances de cura chegam a 95%. Quanto maior o tumor, menor a probabilidade de vencer a doença. A detecção precoce é, portanto, uma estratégia fundamental na luta contra o câncer de mama.
5. O auto exame não é mais o melhor modo de diagnosticá-lo
Durante muito tempo, as campanhas de conscientização para o câncer de mama divulgaram a ideia de que o autoexame das mamas, baseado na palpação, era a melhor forma para detectá-lo precocemente. Mas o tempo passou, a medicina evoluiu e as recomendações mudaram.
O autoexame continua sendo importante – mas de forma secundária. Quando o tumor atinge o tamanho suficiente para ser palpado, já não está mais no estágio inicial, e as chances de cura não são máximas.
6. A mamografia é essencial para o diagnóstico precoce
Para que seja possível um diagnóstico precoce, é preciso que se faça a mamografia, que consegue detectar nódulos de tamanhos muito menores do que o auto-exame é capaz de fazê-lo. Especialistas estimam que mortalidade por câncer de mama em mulheres entre 50 e 69 anos poderia ser reduzida em um terço se todas as brasileiras fossem submetidas à mamografia uma vez por ano.
No entanto, apenas 35% das mulheres brasileiras têm conhecimento de que a mamografia é o caminho para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Tal desconhecimento faz com que tenha sido percebido um aumento na mortalidade causada pela doença aqui no Brasil, enquanto que esse número vem diminuindo nos países desenvolvidos – diferença essa em grande parte atribuída ao diagnóstico tardio (Entre 1999 e 2003, quase metade dos casos de câncer de mama foram diagnosticados em estágios avançados, segundo estudo do Instituto Nacional de Câncer – Inca).
É de suma importância portanto, que essa informação chegue às pessoas menos esclarecidas.
7. SUS é obrigado por lei a fazer mamografia anual em mulheres acima de 40 anos
Com o advento da Lei Federal nº 11.664/2008, em vigor a partir de 29 de abril de 2009, o SUS passa a ser obrigado a fazer ANUALMENTE exames de mamografia na mulher acima de 40 anos.
No entanto, para que tal lei seja cumprida, é preciso pressão e fiscalização da sociedade – e cumpre a nós pressionar e fiscalizar a o governo.
8. Mamografia deve ser feita em locais abalizados
Outro problema que prejudica a detecção precoce do câncer de mama é a má qualidade das mamografias feitas no País. Numa pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), 77% dos exames foram rejeitados por problemas técnicos relacionados à qualidade da imagem, ao posicionamento incorreto das pacientes e ao uso inadequado dos equipamentos. O resultado é, além de tumores que passam despercebidos e de biópsias desnecessárias, o grande número de mamografias que precisam ser refeitas.
Para combater o problema, o Colégio Brasileiro de Radiologia, em parceria com o Inca e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), criou, em 2005, um programa de certificação de mamógrafos, que conta com o apoio da Femama e do Instituto Avon – mas eles ainda são muito poucos.
9. Ele não atinge só as mulheres
Estamos acostumados a associar o câncer de mama apenas às mulheres; no entanto, apesar de o número de homens atingidos pela doença ser bem inferior (apenas 1% de todos os casos) , e bom ficar atento – principalmente aqueles que possuem histórico de câncer na família.
10. Leis amparam os acometidos pela doença
E é preciso se informar. Alguns exemplos:
- saque do FGTS e PIS quando titular ou dependentes sofram da doença;
- reconstrução da mama através do SUS;
- compra de veículo isento de IPI, ICMS e IPVA, dispensado do rodízio (em SP);
- passe livre nos transportes públicos;
- quitação do imóvel pelo SFH nos casos de invalidez permanente comprovada;
É necessário informar-se corretamente quanto a isso.
Já disse na blogagem do ano passado: pertencer a uma elite não significa ter carro carro ou viajar pro exterior; significa acima de tudo ter consciência do seu papel na sociedade, papel esse que implica em melhorar o que está a nossa volta. E já aviso: isso não se faz apenas com doação de dinheiro; se faz através de empenho pessoal. Que tal informar aqueles que estão à sua volta e que talvez tenham menos conhecimento ou acesso à informação que você hein? Pra mim, cidadania é isso. E pra você?
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Informe-se mais:
- FEMAMA
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Na verdade eu não estou sabendo ainda de nenhuma blogagem coletiva nos moldes da do ano passado. Mas se vc fizer um post a respeito (e dá pra fazer, ainda que seja um blog de tema específico – é só ser criativo, ou criar post off-topic) manda o link pra cá que eu encaminho depois ou aviso tá?"
Até a Figueira da Praça XV (e, pelo que ouvi, a Ponte Hercílio Luz) estão iluminadas de rosa este mês!
Realmente lamentável tudo que aconteceu com a sua mãe, mas fico feliz que ela esteja bem agora!
ResponderExcluirE logo mais será considerado "Curada" se Deus quiser (e Ele quer)!
Um beijo e obrigada pelas informações compartilhadas.
Obrigada também, Noe!
ResponderExcluirHá que se ter muita fé!
Beijos e ótima semana pra ti!