terça-feira, 28 de setembro de 2010

Capítulo 1

Fui ao teu encontro. De ônibus. Viajei um dia inteiro. Apesar de cansativa a viagem, a paisagem era bonita, de altas montanhas e campos cheios de pequenas flores de camomila.
A rodoviária estava vazia. O tempo úmido e abafado. Como cheguei à tarde, fui direto ao trabalho.
Levaste um susto ao me ver... depois me olhaste com desprezo e apontaste uma cadeira para que eu sentasse até que pudéssemos sair. O ambiente era frio. Alguns armários, mesas, tudo da mesma cor. Bege.
Na saída, nem uma palavra. Nada.
Andavas a passos largos, o que fazia com que eu tivesse que me esforçar para te acompanhar.
Estavas firme. Sério. Resoluto.
Caminhamos por algumas ruas, dobramos várias esquinas... lembro bem das luzes fortes dos postes nas esquinas e depois da escuridão em que emergia o calçamento... andamos por algum tempo e chegamos numa periferia que lembrava as de países latino-americanos de colonização espanhola.
Umas casas de palafita, de madeira, de colorido indefinido no meio da noite... muitos varais, alguns com roupa... o lugar era iluminado por poucas lâmpadas penduradas em desalinho...
Entramos numa casa que, através de portas, dava para outras.... tudo era de madeira e cheio de frestas pelas paredes.
Cumprimentaste com intimidade a mulher sentada na soleira, uma morena bonita, com os cabelos negros e compridos, vestida como se fosse uma “chicana”.
Me pegaste pela mão e fomos invadindo os quartos. No último havia uma varanda que dava para o rio.
Ali me encostaste na parede, e começamos a nos beijar com saudade. Saudade dos corpos, do cheiro, do gosto, do beijo... tiramos a roupa rapidamente e transamos ali mesmo, em pé.
Deitamos ambos, suados, numa cama simples, de colchão fino e desconfortável.
Me olhavas com aquele olhar calado de sempre.
E a mim me faltava eloquência. Era desejo satisfeito puro.
Ficamos ali por algum tempo... entrava uma brisa com odor estranho pela porta que dava pro rio.
Fechei os olhos e acordei contigo colocando a roupa.
- Onde vais?
- Preciso ir em casa.
E saíste.
Fiquei ali quieta, pensando em sair para conhecer a cidade.
[...]

4 comentários:

  1. Conhecer a cidade... um bela "vírgula" depois da satisfação do desejo puro.
    Beijo

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  2. Interessante falares em vírgula, pq pensando no sentido literal, percebi que no original realmente havia uma vírgula!
    "Era desejo satisfeito, puro."
    De qualquer forma, vírgula ou "vírgula" é sempre uma pausa necessária. Por vezes imprescindível.
    Besos!

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  3. "...Ali me encostaste na parede, e começamos a nos beijar com saudade." Aiii amiga! Que coisa boa isso!!!! Li o segundo capítulo primeiro! Haha! Já esperando o terceiro!!! beijo doce na Lú mais doce ainda *-*

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  4. Oi, amada!
    Olha a pressão sobre a escritora!
    hahahaha
    Beijos!

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