segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Invictus

"Fora da noite que me encobre,
Negro como o poço de polo a polo,
Agradeço ao que os deuses possam ser.
Pela minha alma inconquistável.

Nas garras das circunstâncias.
Eu não recuei e nem gritei.
Sob os golpes do acaso.
Minha cabeça está sangrando, mas não abaixada.

Além deste lugar de ira e lágrimas.
Só surge o horror da sombra,
E ainda a ameaça dos anos
Encontra e me encontrará sem medo.

Não importa o quão estreito seja o portão,
quão repleta de castigos seja a sentença,
eu sou o dono do meu destino,
eu sou o capitão da minha alma"

Poema que inspirou Nelson Mandela nos 27 anos de prisão na luta contra o Apartheid.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Para sempre vai nos atormentar o dilema entre
os desejos de estarmos juntos e de sermos livres...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Na Cova dos Leões


"Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo.
De amargo, então salgado ficou doce,
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços e ainda leve,
Forte, cego e tenso, fez saber
Que ainda era muito e muito pouco."

Versos de rara delicadeza revelando a homossexualidade de um dos grandes gênios da música popular brasileira.

Malu

"Sexo com Malu sempre foi algo diferente do que eu estava acostumado. Não sei explicar. Por que uma trepada é inesquecível e outra dispensável? Beijar a mão de Malu me emociona. Olhar as suas pernas me emociona. Tocar os seus lábios me emociona. Dar um beijo de leve, passar a mão nos seus cabelos, vê-la andar, se vestir, sorrir, vê-la com a boca no meu pau, com a mão nele, com o corpo sobre ele ou olhando para ele, me emoionam. E quase foi assim desde a primera vez. E mais. Ela me ensinou a tocar, lamber, até a beijar, do seu jeito, do jeito que gostava, enquanto eu me imaginava um mestre na arte de. Me ensinou a passar a mão, a escorrer os dedos, a observar as nuances, quando eu pensava que sabia de tudo. [...] Eu ficava sentado, ela se sentava à minha frente. Ambos, nus. Sentia-se o calor trocado, a respiração, a umidade, mas não havia carne se explorando. Ela ficava assim uns minutos, olhando pra mim. Não havia música, havia pouca luz. Não havia bebida ou droga. Lucidez, serenidade."

(em Malu de Bicicleta, p. 31)

Ontem li uma crítica sobre o filme. Dizia ser muito ruim. Mas com um texto desses é possível não ir conferir?! Depois conto a vocês!

Sobre a verdade

"Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado. Cada um me contou a narrativa de por que se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Ambos tinham toda a razão. Não era que um via uma coisa e outro outra, ou um via um lado das coisas e outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro. Mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão.
Fiquei confuso desta dupla existência da verdade."

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

“Fiquei com vontade de chorar mas felizmente não chorei,
porque quando choro fico tão consolada”

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Be by my side and tell me
everything will be fine.
"Eu me visto para as mulheres e
me dispo para os homens."

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

"Quem foi que disse que é impossível ser feliz sozinho?
Vivo tranquilo, a liberdade é quem me faz carinho."

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

"Do ponto de vista da psicanálise, narcisista não significa alguém que se acha o máximo. Ao contrário, é uma pessoa muito insegura, que precisa constantemente verificar no olhar dos outros que ela está sendo apreciada ou que não está sendo rejeitada. Isso limita muito a nossa capacidade de entrega."

(em Lola Magazine, Fev./2011, p. 72)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

"Se quer viver uma vida feliz,
amarre-se a uma meta,
não às pessoas nem às coisas."

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

"Eu não preciso de você nem pra andar e nem pra ser feliz,
mas como seria bom andar e ser feliz ao seu lado."

Dar certo

"Uma relação que dá certo é aquela em que o outro me torna mais capaz de fazer o que eu desejo. Em que o outro me autoriza a fazer o que eu desejo mais do que eu mesmo me autorizaria."

(em Lola Magazine, Fev. 2011, p. 71)
Você fez 38 anos, menininha?!?!
Obrigada pelo carinho, meninas!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Serenidade

Que Deus nos conceda sempre:
SERENIDADE necessária para aceitarmos as coisas que
não podemos modificar;
CORAGEM para modificarmos aquelas que podemos e
SABEDORIA para distinguirmos umas das outras.

O dia do meu aniversário sempre foi de festa.
Hoje está particularmente introspectivo.
Então nada melhor do que a minha oração preferida para dar tom ao blog.

Aquarianos

“E então...  naquela manhã Deus compareceu ante suas doze crianças e em cada uma delas plantou a semente da vida humana. Uma por uma, cada criança deu um  passo à frente para receber o Dom e a função que lhe cabia.
[...]
'A ti Aquário, dou o conceito de futuro, para que através de ti o homem possa ver outras possibilidades. Terás a dor da solidão, pois não te permito personalizar o meu amor. Para que possas voltar os olhares humanos em direção a novas possibilidades, Eu te concedo o Dom da Liberdade, de modo que, livre, possas continuar a servir a humanidade onde quer que ela esteja.'
E Aquário retornou ao seu lugar.
Principal Característica: a originalidade
Qualidade: o humanismo
Defeito: o radicalismo
[...]
... Então Deus completou: 'Cada um de vós é perfeito, mas não compreendereis isto até que vós doze sejais UM. Agora vão!'
E as doze crianças foram embora executar sua tarefa da melhor maneira...”

Feliz aniversário a todos os aquarianos!
E para os que não são aquarianos, no dia de hoje também se comemora o dia de São Valentim. Então: Feliz dia dos Namorados!
Data linda, não?! rsrs

domingo, 13 de fevereiro de 2011

... mesmo assim eu te devoro!
(Djavan)

Meu

Hoje deves ter acordado tarde - com aquela carinha amassada, pedindo para ficar mais do que o necessário na cama -, passeado por aí de mãos dadas, almoçado a segurança da comida de sempre e experimentado algum vinho novo.
E eu agora escrevo não para te enviar essas palavras, mas para não me esquecer dos teus dedos nas minhas costas e dos meus encaracolando ainda mais teus cabelos; de que o mundo parece mesmo uma porção de coisas desnecessárias e sem sentido quando é possível estar perto de quem se gosta. É que precisarei lembrar disso nas insignificantes manhãs de quarta que ainda virão.
Afinal, o que fizemos foi sexo, amor ou sacanagem? Às vezes me parece sexo; de vez em quando amor; por outras me parece algo ilegal, imoral, ilícito. Talvez atentado aos bons costumes e à paz da vizinhança, que a tudo ouviu calada. Ainda bem.
Há tempos não sentia desejo tão forte ao repousar meus olhos em outros olhos, nem tanto prazer em trocar o olhar pelo sorriso.
Até agora desconfio que ficar tranquilamente deitada contigo, como se o mundo tivesse parado para fazer silêncio para nós dois, pode não ter sido realidade, e que tudo o que não foi dito sob o pretexto de não sermos invasivos ou levianos, não passou de um jeito de aproveitarmos um ao outro sem desperdiçarmos nada do pouco tempo que nos foi destinado. Com certeza evitou que as palavras ecoassem e nos enlouquecessem a ponto de apagar o registro do que realmente importa.
Sabia que voltaríamos a esconder nossas tristezas atrás do que nos cerca. A vida retoma seu ritmo.
Sabia que a tua rotina tornaria a ser massacrante e impiedosa comigo. Sempre foste claro nas tuas prioridades.
Sabia que continuaríamos nos agarrando a afetos passados. Afinal, é preciso sobreviver.
Sabia que tudo de mim que havia mostrado para ti não encontraria correspondência. Confiança não se pede, se (re)conquista.
Ocorre que cada um dos toques, suspiros, olhares e gemidos, denunciaram o que ficaria de ti... e são essas pequenas lembranças que te trazem para perto de mim o tempo todo... e gosto!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O aviador francês

- Voarei como um pássaro, voarei para o seu lado se você simplesmente me amar.
- Então, voe.
- Não posso voar, mas me ame assim mesmo.
- Pobre criança sem asas.
- É tão difícil me amar?

(em Alabama Song, de Gilles Leroy)
"Você encontra milhares de pessoas
e nenhuma delas te toca realmente.
E então você encontra uma pessoa e sua vida muda...
para sempre."

(do filme Amor e outras drogas)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"Ainda somos muito educadas para não exprimir os desejos da mesma forma que os homens. Por outro lado, eles também são educados para prescindir do amor em favor do desejo. Mas, hoje, há uma recombinatória desses fatores, e pela primeira vez estamos aprendendo a ter a liberdade de assumir nossas necessidades." 

Amor e outras drogas

Nunca se deve esperar muito de uma comédia romântica.
No entanto, "Amor e outras drogas" superou minhas expectativas.
Divertido no ponto certo. Bom enredo. Vários beijos e muito sexo em cenas engraçadas, picantes ou delicadas, mas todas muito bem feitas.
Em determinados pontos ficamos tensos achando que o filme vai degringolar para o piegas. Alívio. O diretor retoma o ponto e não se perde.
Enfim... bom pra relembrar os sinais que emite uma mulher que se entrega e do que é capaz um homem quando ama.
Delicioso! Recomendo!
"Somos múltiplas, vivemos de forma muito mais intensa e com mais expectativas. Até nossos orgasmos podem ser múltiplos. Já os homens são educados para não esperar que o amor seja eterno. Como não esperam muito, não têm tantas ilusões. São mais tristes nesse sentido. Viver sem esperanças loucas é muito triste. Essa vivência mais intensa dá às mulheres a capacidade de se colocar no lugar do outro."

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

"Hoje já não me sinto traída por você, e sim por mim mesma."

(Fora de Mim, p. 50)
"Já que você não está aqui,
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?"

Soneto 17

"Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.

Ás vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.

Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:

Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver."

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

"É a pior morte, a do amor. Porque a morte de uma pessoa é o fim estabilizado, é o retorno para o nada, uma definição que ninguém questiona. A morte de um amor, ao contrário, é viva. O rompimento mantém todos respirando: eu, você, a dor, a saudade, a mágoa, o desprezo - tudo segue. E ao mesmo tempo não existe mais o que existia antes."

(em Fora de Mim, p. 51)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Porque o Paulo indicou o blog da Ana, lembrei do mestre do jornalismo literário: Gay Talese - cujo estilo e livros ano passado discuti com um ainda grande amigo - e de quem sempre tive vontade de ler esse livro:

“Numa noite de domingo, quando voltavam ao campus num ônibus da Greyhound, na sequência de uma troca de beijos e carícias cada vez mais apaixonados no veículo escuro, ele instou-a a fazer uma felação nele ali mesmo, sob um cobertor. Ela ficou surpresa com o pedido e mais ainda com a própria disposição de ceder ao desejo dele sem relutância ou constragimento, tão ansiosa estava no momento para agradar-lhe, bem como excitada pela idéia de executar aquele ato nas costas dos outros passageiros. Quando abaixou a cabeça e pôs o pênis de Hugh na boca, sentiu não somente amor por ele, mas também o despertar intenso de sua própria libertação”.

(Trecho do livro A Mulher do Próximo. Uma crônica da permissividade americana antes da era da Aids)
"Monotonia é ter um par que pense igual;
criatividade é receber o amparo do contraponto."
"Minha experiência e minha maturidade me assopram: fuja.
Meu corpo não me ouve, fica."

(em Fora de Mim, p. 129)
"Lú, o pior é que ela nem sabe de onde vem o sal do mar!"


Léo, no suprassumo da filosofia de ontem à noite...
ou "pequenas maldades que apenas mulheres reunidas são capazes de falar"...
Amiga, tava morrendo de saudade de ti! Love u!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011


"Então vem a etapa seguinte. Essa não é tão divulgada, tem-se por ela mais respeito e menos informação, pois é vivida em silêncio. O que acontece é que tem uma hora em que ninguém mais aguenta ouvir a gente entoar nossa sina, lamentar nossa sorte, procurar explicações para o fim. É quando a gente se dá conta de que já abusou da paciência dos amigos, dos familiares, e cala. Sofrimento cansa. Não só aquele que sofre, mas cansa aqueles que o assistem.
Foi assim que a segunda dor começou, enquanto a primeira ia diminuindo. Já que eu não queria mais amolar ninguém, comecei a fingir que estava me recuperando, e aí começou a recuperação de fato, tirei o foco da minha autocomiseração, já não me sentia uma abandonada por Deus, aceitava com resignação a ruptura definitiva do nosso relacionamento, e dei início a um novo processo de despedida. Não mais o adeus a você, que já havia partido, mas o adeus à pessoa sofrida que eu vinha sendo. Aquele eu amargurado é que estava saindo da minha vida."

(em Fora de Mim, p. 87-88).

Inteiro

"'Você prefere ser inteiro ou bom?', perguntou Jung, a pessoa que cunhou o termo poético 'sombra' e moldou esse conceito para nossa época. Jung prestou atenção especialmente no trabalho de integração da sombra, sugerindo que era uma iniciação à vida psicológica – a tarefa do aprendiz, como ele a chamou -, um conhecimento essencial para nossa própria realização. 'A realização da sombra é um problema eminentemente prático', disse ele, 'que não deveria ser desviado para uma atividade intelectual, porque tem muito mais o significado de um sofrimento e uma paixão que engloba a pessoa inteira'."

(do prefácio de O Lado Sombrio dos Buscadores da Luz)

I Ching

"Apenas quando tivermos a coragem
de encarar as coisas exatamente como elas são,
sem enganar a nós mesmos nem nos iludir,
surgirá uma luz dos acontecimentos,
permitindo que o caminho do sucesso
seja reconhecido."

I Ching
Hexagrama 5, Hsü,
Espera (Nutrição)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Esse gemido

"De repente minha mulher começa gemer ao comer queijo com goiabada. Corta devagarinho, em fatias mínimas, para não extraviar nada do prato.
Um gemido gostoso, intercalado, luzindo os dentes.
Um gemido que me faria gemer para que ele não terminasse.
Um gemido que domina os ouvidos por inteiro, ainda mais mobilizador que um sussurro.
Um gemido com pescoço esticado - se é que sou claro -, altivo, intermitente.
Um gemido discreto, de quem não quer entregar o prazer de uma só vez, que abafa o prazer para que ele aumente secretamente."

(em O Amor Esquece de Começar, p. 154)
Meu amor foi todo teu.
Desde que partiste,
o tive de volta, meu.
À espreita, no caminho,
há outro alguém
em quem poderei
envolvê-lo novamente.

Quando é Carnaval

"Às vezes dura dez minutos, às vezes um pouco mais. Quando dura 15, é carnaval. Fico 15 minutos trabalhando, concentrada, focada em algum assunto que não é você, e então tenho a impressão de que o processo de cura começou, mas os dias possuem bem mais do que 15 minutos, e em todo o resto de tempo é em você que penso, e eu me flagro incrédula, mortificada; faz de conta que não acontenceu, não aconteceu nada, fique calma."

(em Fora de Mim, p. 39)

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Mergulho

Ela - Repete comigo: Eu
Ele - Eu
Ela - sou
Ele - sou
Ela - uma
Ele - uma
Ela - piscininha!!!!!

(Da deliciosa Camila Pitanga para o delicioso Wagner Moura naqueeela novela!)

Sobre o belo

A belíssima francesa Juliette Binoche, aos 46 anos,
em cena do filme "Certified Copy", ao lado de William Shimell.

"Como na Grécia antiga,
a cultura francesa entende que o belo não está na perfeição,
mas em certa naturalidade, leveza ou fluidez,
sustentada pela ética que respeita o tempo.
Jamais o ludibria."

(em Lola Magazine, p. 88)
Sempre considerei a praia um dos lugares
mais democráticos que existem.
Acabei de acrescer os blogs a minha lista.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Repentinamente aparecia
como se lembrasse de algo guardado há anos na memória.
Tal qual um lobo,
sedento pela tenra carne da presa.
Chegava sorrateiro,
quase não fazia barulho, cheirava e cercava.
Saciava a fome, a sede, a carência e partia,
tornando a submetê-la ao frio a que estava acostumado.

Estás em mim

Nosso amor sempre foi inexplicável. Desafiava o bom senso e o lugar comum. Sequer havia química quando sentimos que se instalava.

Sabia que muito a ti se devia. Talvez também às nossas carências, tão similares. Sempre soubeste alimentar meu espírito, ainda que não pudesses fazê-lo da forma mais apropriada. Emanavas uma generosidade imensa e rara sempre que falavas, fazias e pensavas.

Dávamos conta de nos acariciar para além do espaço físico. Estávamos unidos intelectualmente. O mais não nos importava. O fato de nos sentirmos diferentes e inadequados causava desconforto quando sozinhos, mas quando parte de nós se encontrava, era imensa a satisfação pelo alcance e pelo eco.

Cada um dedicava-se apenas a saciar o outro pelo máximo de tempo possível, satisfazendo pequenos desejos, criando furtivos segredos, empenhando-se nas deliciosas surpresas. Somados à provocação perspicaz, aos códigos que inventamos, nos individualizavam. As cenas que gravamos nos divertia pelo inusitado e agradava por vermos, a nós mesmos, entregues, despidos de pudores.

O encontro era preciso e precioso. Planejado e aguardado. Encantava. Cada parte de mim encaixava no pedaço correspondente de ti. Duas pessoas tão íntimas na distância, próximas diziam quase tudo o que era preciso em silêncio.

Depois de amados ficávamos, ambos, olhando para o teto de estrelas, distantes, lembrando que há minutos o desejo não saciado ameaçava transbordar. Constatando isso, terminávamos por nos enlaçar, como se pudéssemos garantir a permanência, contando apenas com a cumplicidade do ar cálido que nos envolvia.

A cada despedida inúmeros sentimentos se misturavam, pois um sabia o quanto de si no corpo do outro habitava, embora nossas vidas seguissem apartadas. Sob a tranquilidade do adeus havia tanto a ser dito, e sempre, que, como num pacto silencioso, nunca nos permitimos.

Deveríamos ter comemorado mais nosso encontro, pois hoje sabemos o quanto de amor nos foi permitido compartilhar. E há tantos vazios por aí que pensam e dizem amar...

Tudo de ti em mim está preservado num lugar onde nunca ninguém andará.

Tudo de mim em ti está bem guardado, eu sei.

Não há tristeza, não há lamento, apenas uma doce saudade...


um pouco saciada pelo tom inconfundível da tua voz...
sempre foste mansidão...
"Prefiro que meus personagens façam sexo com suas mentes,
excitando-se com as palavras."

(Diretor dos filmes: Amor sem Escalas, Juno e Encontros e Desencontros)

Gênero

Existem vários tipos de mulheres.
Os homens sempre sabem com qual delas estão lidando.
Há a valentona, a frágil, a prendada, a feia, a vulgar, a rapidinha, a pudica, a inteligente, a séria, a maluquete, a bonita, a gostosa, a devagarinho...
E há a tudo-ao-mesmo-tempo-agora.
Pois é. Com essa fica complicado, pois a cada momento uma das características destaca-se mais que as outras, deixando os possíveis interessados perdidos.

Algumas mulheres já concluíram terem passado tempo demais sendo o homem da relação: enfrentavam, decidiam, analisavam, bancavam, trabalhavam, cuidavam, proviam.
Então algumas decidiram querer passar por uma fase bem mulherzinha: além de meiguinha, queridinha, cheia de delicadezas, uma Amélia(!), também querem ser socorridas, salvas, amparadas, ajudadas, além de ‘afofadas’, amadas, beijadas, bajuladas, agradadas, acarinhadas, 'full time'!!!
Ah, e inseguras! Querem poder se sentir beeeeeeeeeeeem inseguras... ciumentas; sendo egoísta e atendo-se em cuidar bastante de seus corpos, mente e espírito; querendo sair com 'seus' homens para todos os lugares e desfilar, bem agarradinhas!

Não seria mesmo uma delícia?!

Sim, porque os homens podem dizer que querem alguém com quem dividir as obrigações, uma mulher inteligente, com quem possam compartilhar tudo, mas nunca bancam esse tipo de mulher. Ficam inseguros, têm medo de beijar, abraçar, se entregar, se envolver, se declarar. E acabam ficando com as menininhas ou as Amélias! Tão mais fáceis de lidar!

E as mulheres estão mais independentes, bravas e lutadoras. Podem até dizer prescindir da gentil presença masculina que lhes abre a porta, envia flores, lhes tranquilizam no calor do abraço protetor, mas apenas porque não têm coragem de admitir ser isso uma inverdade... e acabam por travar uma luta com o homem macho que gostariam não fosse tão macho assim.

Então, percebo que, embora todos pensemos as mesmas coisas: que se declarar não significa amor eterno; que compartilhar não significa só discutir dinheiro e carreira; que dengos e mimos cabem aos dois, na sutileza da percepção de quem mais necessita em determinado momento, estamos todos muito estanques nos papéis invertidos.

Homens e mulheres perdidos. Com medo de expor suas dúvidas e fragilidades para que depois possa se instalar a sintonia do não dito. Não damos tempo a isso. Fugimos antes de nos deixarmos mostrar. As relações estão cada vez mais superficiais e talvez por essa razão nos sentimos mais sós, nos ocupando em idealizar algo inviável.

Será que nunca nos uniremos para aprendermos uns com os outros e tentarmos encontrar o meio?!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Simples assim

Se não nasceste com aquela pequena centelha dentro de ti,
jamais poderás sentir ou compartilhar aquilo que desconheces.
Não basta que o amor saia do outro, ele também deve partir de ti
e sem isso nunca viverás a experiência em toda a sua plenitude.
Lamento.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

"Nunca ninguém viu ninguém que o amor pusesse tão triste.
Essa tristeza não viste, e eu sei que ela se vê bem..."