sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Bethânia, para começar bem o finde!

Maria Bethânia e as Palavras, 30/09/11
Teatro Pedro Ivo em Florianópolis/SC


Maria Bethânia tem uma relação íntima com as palavras. Em seus shows, costuma pontilhar poesias entre as canções. A escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol afirmava que Bethânia era uma “cantora de leitura”. Diante dessa relação especial com as letras, ela se prepara para um espetáculo diferente. Bethânia e as Palavras, sucesso absoluto de público e crítica, chega finalmente a Florianópolis no dia 30 de setembro, para apresentação única no Teatro Pedro Ivo Campos.
Acompanhada pelo violonista Luiz Brasil, pelo percussionista Carlos César e pelo maestro Jaime Alem, Bethânia vai recitar poemas e fragmentos de textos de autores como Fernando Pessoa, Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Sophia de Mello, Fausto Fawcett, Clarice Lispector, Wally Salomão, Arnaldo Antunes, entre outros. E como música também é poesia, ela apresenta ABC do Sertão (Luiz Gonzaga), Romaria (Renato Teixeira), Último Pau de Arara (J.Guimarães/Venâncio/Corumbá), Estranha Forma De Vida (Amália Rodrigues), Marinheiro Só (domínio público/adaptação Caetano Veloso), Dança da Solidão (Paulinho da Viola), Menino de Jaçanã (Luis Vieira/Arnaldo Passos), Comida (Titãs), Trenzinho Caipira (Villa Lobos), Os argonautas (Caetano Veloso), Amor de índio (Beto Guedes), Língua (Caetano Veloso), João Valentão (Dorival Caymmi), entre outras.
Definitivamente não é sempre que vemos num mesmo espetáculo um desfile de imortais como Fernando Pessoa, Guimarães Rosa, Carlos Drumond de Andrade, Capinam, Villa Lobos, Ferreira Gullar, Amália Rodrigues, Manuel Bandeira, Chico, Caetano, Renato Teixeira, e tantos outros. Dividido em “temas”, se é que se pode chamar assim, o ritual inicia com uma invocação a Iansã, deusa dos raios, ventos e tempestades. Com força e gentileza, a dona da casa nos convida a penetrar no mundo mágico das palavras, da escrita." (do site http://www.blueticket.com.br/).

Não perderia por nada nesse mundo!
Depois venho contar tudo a vcs!

Guerra e amor

"[...] amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um só mel derrotados.
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,
e o fogo genital transformado em delícia
corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo noturno,
até ser e não ser senão na sombra de um raio."

quinta-feira, 29 de setembro de 2011


Depois de ter se declarado ao homem que dizia amá-la há tanto tempo, ouviu dele um definitivo:
- Agora está na hora de pensares no que realmente importa.
Calou-se.
Depois de um sofrido e demorado beijo, ele finalmente se foi.
Quando fechou a porta, ligou o cd no volume mais alto que pôde, na tentativa de não ouvir os próprios pensamentos... e deixou-se ficar no sofá, inerte, por um longo tempo...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Tô de bem!

"Tô me afastando de tudo que me atrasa, me engana, me segura e me retém. Tô me aproximando de tudo que me faz completo, me faz feliz e que me quer bem. Tô aproveitando tudo de bom que essa nossa vida tem. Tô me dedicando de verdade pra agradar um outro alguém. Tô trazendo pra perto de mim quem eu gosto e quem gosta de mim também. Ultimamente eu só tô querendo ver o bom que todo mundo tem. Relaxa, respira, se irritar é bom pra quem? Supera, suporta, entenda: isento de problemas eu não conheço ninguém. Queira viver, viver melhor, viver sorrindo e até os cem. Tô feliz, tô despreocupado, com a vida eu tô de bem."

terça-feira, 27 de setembro de 2011

...

"banho tomado
pra tirar seu cheiro.
telefone desligado
pra não ouvir sua voz.
lençóis trocados
pra não sobrar fios de cabelo.
flanela nos móveis
pra apagar suas digitais.
portas trancadas.
cortinas fechadas.
luzes apagadas.
e você, merda,
no meu pensamento."
Acabaram irremediavelmente presos
pelos mecanismos engendrados por si mesmos
para a manutenção do conhecido conforto
- que virara inferno -
da paixão doentia
que nutriam um pelo outro.

Teorias Selvagens

"Olha friamente para mim, com a intenção de me atravessar. Sabe que não pode abaixar muito os olhos porque meu decote o espreita: se chego a captar seu olhar ali, titubeando na frente do precipício, minha suficiência desarmaria a qualidade lacerante que pretende imprimir a esse silêncio de adesivo onde sua cara fica presa como um bicho, nua.
[...]
A autoconsciência o trai.
[...]
Esses vaivéns são essenciais ao plano. Devo provocá-lo para que a fúria e a fascinação o deixem absolutamente cego e não consiga pensar. Então meus pensamentos se derramarão pelos buracos sintéticos do que se supõe ser a sua vontade, e não haverá salvação. Não poderá escapar.
[...]
Se seu oponente tem um temperamento colérico, tente irritá-lo. Se é arrogante, fomente seu narcisismo. Se se equivoca, não o interrompa. Precisa vir para cima de mim e eu, me encolher e resistir."

(em As Teorias Selvagens, p. 118)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Viagem

"As pessoas olham a dança, outras nem olham, algumas batem palmas - é tudo tão natural -, e é assim em toda a cidade. É como se baixasse nas sevilhanas uma alma de cigana; elas se dobram ao apelo da música e são compelidas a dançar, levadas por uma força maior. Não se assuste se vir uma mulher dançando em cima de uma mesa; e também não se assute se você mesma de repente estiver dançando em cima do balcão do bar. Tudo pela alegria, sem medo do ridículo."
(em Fazendo as Malas, p. 22).

Pelo jeito toda a Espanha é impregnada dessa atmosfera de precisa combinação entre sensualidade e felicidade. Viva nossa herança latina!
Hoje, particularmente, com uma saudade enorme de viajar...

domingo, 25 de setembro de 2011

Quereres

"Eu quero inteiro!
E não pela metade..."

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Nosso amor...

"Nosso amor nunca foi sessão da tarde. Nunca foi beijo rápido em degrau de escada rolante.
Nunca foi.
Nosso amor, lembra?
Nunca foi sorvete em dia quente. Gelo chupado no fim da bebida.
Nunca foi grito em queda de montanha russa. Nem música preferida no repeat do aparelho de som. Nosso amor nunca foi brigadeiro roubado. Dedo enfiado no bolo. Champanhe estourada molhando a mão. Nosso amor nunca foi primeira página de livro. Comédia romântica em cinema à tarde. Bocas grudadas em fim de filme. Créditos subindo depois de final feliz.

Nosso amor nunca foi o andar rápido depois do tropeço.
Só o avesso.
Nunca foi abraço apertado demais. Nem beijo demorado demais. Nunca foi nada de mais. Pedalada em parque vazio.
Vento no rosto. Cabelo pra trás.
Nunca foi.
Nunca foi pé direito até o último no acelerador. Viagem sem volta.
Praia vazia em dia de semana. Nunca foi notícia esperada. Quilo a menos na balança. Foto em preto e branco. Escultura de Rodin.
Nosso amor nunca teve tanta graça. Nunca foi
adrenalina. Serotonina. Nunca foi banho gelado de cachoeira.
Nosso amor sempre foi uma bobeira.

E foi ontem.
Sozinho.
Com o travesseiro sobrando ao meu lado.
Com o espaço a mais na cama, que eu confessei.
Foi bem baixo.
Quase num respiro. Num cochicho. Quase num suspiro.
Nosso amor me faz falta, eu disse.
E eu só queria ele de volta.
Com graça ou sem graça.
Mas, agora."

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

"Sua experiência matrimonial deixara-o desconfiado do envolvimento profundo com mulhereres, porém ainda ansiava pela companhia feminina e preferia pensar que todas as noites, em Nova York, havia muitas mulheres atraentes que eram tão solitárias quanto ele e estavam disponíveis de graça, desde que ele soubesse onde encontrá-las."
(em A Mulher do Próximo, p. 210)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Blue Valentine

"Ela não queria confessar a ele que ainda gostava dessas pessoas que pareciam gostar dela. Ele tocou em sua bochecha com carinho. O coração dela batia tão forte que ele conseguia ouvir. Ele afastou os cabelos dela. O toque de seus dedos transmitia a ela ondas de confiança. Ele ia beijá-la. Era o que ela queria. Então, por que ela sentia que estava num precipício, pronta para cair? Os lábios dele tocaram os dela e ela parou de pensar. Só sentia. Sentia a doçura de seu beijo, a força de seus braços e o coração batendo em sua mão quando ele a segurou. Havia um precipício e ela estava caindo. De cabeça, caindo de amores por ele."
 (do excelente filme Blue Valentine - recomendadíssimo!!!)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Dos pequenos gestos

"Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve…"

Esquizofrenia

"E se em algumas almas humanas, singularmente dotadas de percepção sensível, se levanta a suspeita de sua composição múltipla, e, como ocorre aos gênios, rompem a ilusão da unidade personalística e percebem que o ser se compõe de uma pluralidade de seres como um feixe de eus, e chegam a exprimir essa ideia, então imediatamente a maioria as prende, chama a ciência em seu auxílio, diagnostica esquizofrenia e protege a humanidade para que não ouça um grito de verdade dos lábios desses infelizes."
(em O Lobo da Estepe, p. 69)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

"Quando, muito tempo depois de sua partida, a reencontrei e disse que a amava, ela me perguntou por que eu demorara tantos anos para lhe dizer. A tardia declaração de amor era apenas mais um desencontro na vasta sucessão de desencontros que vivemos.
E ela me disse que, muitas vezes, me estendera a mão e eu lhe voltara as costas, e num desses momentos isso tinha sido particularmente doloroso."
(em Luísa)

domingo, 18 de setembro de 2011

"E quando eu quero dizer que não posso abrir a boca para não ser 'original', quero dizer que se digo: que dia bonito, isso soa original. Quando falo, aliás, eles acham muita graça, ficam espantados, riem. E também procuro não me revelar. Por exemplo, ela que é simples realmente, me disse: aquela casa de chá defronte do hotel me disseram que é mal frequentada. Isso me avisando depois de eu ter dito que ia lá. A casa de chá é muito bonitinha, com gente honesta comendo doce. O que se chama 'mal frequentada' é que não é frequentada pelos diplomatas e finuras da sociedade bernense. Então eu fecho a boca para não dizer que continuo a frequentar. Os outros são simpáticos também. Mas eu me encontro com eles nos pontos em que começo a mentir."
(em Minhas Queridas, p. 117)

Entrega

Então está combinado: todos queremos amor, confiança, proteção, companheirismo, surpresa, carinho, romance, atenção.
Só que quem de nós está disposto a se entregar numa relação?
Assim: de corpo e alma.
Ousado a ponto de mostrar-se como realmente é.
Com coragem de revelar segredos, ou apenas o que realmente pensa e sente. De assumir ser lento ou rapidinho; ansioso ou controlado; dorminhoco ou ter insônia; preocupado ou cuca-fresca; esquecido ou sempre ligado; meloso ou durão; bagunceiro ou organizado.
Quem, ao iniciar uma relação, tem condições de se entregar a tal ponto, com a tranquilidade de sequer cogitar que essas características poderão ser usadas contra si na primeira briga? Sem avaliar primeiro a possibilidade de ser o que vai sair machucado, do deboche, do julgamento sumário, de que o outro se arvore na tentativa de 'mudá-lo'?
É difícil, admita.
No entanto, de fato somos um "kit" completo, em que as peças não podem ser trocadas por conveniência.
No fundo, a entrega, sem sonegação de parte alguma, é condição para que o outro aceite ou vá embora, se encaixe ou fuja...  E, para cada um, a convicção de autenticidade, de que estava lá o tempo todo, sem máscaras ou fantasias, tentando fazer o amor dar certo.

Beijo em pé

"Uma vez, almocei com duas amigas mineiras, ambas casadas há bastante tempo, veteranas em bodas de prata, e ainda bem felizes com seus respectivos. Falávamos das dificuldades e das alegrias dos relacionamentos longos. Até que uma delas fez uma observação curiosa. Disse ela que não tinha do que reclamar, porém sentia muita falta de beijo em pé.
Como assim, beijo em pé?
Depois de um tempo de convívio, explicou ela, o casal não troca mais um beijo apaixonado na cozinha, no corredor do apartamento, no meio de uma festa. É só bitoquinha quando chega em casa ou quando sai, mas beijo mesmo, “aquele”, acontece apenas quando deitados, ao dar início às preliminares. Beijo avulso, de repente, sem promessa de sexo, ou seja, um beijaço em pé, esquece.
E rimos, claro, porque quem não se diverte perdeu a viagem.
Faz tempo que aconteceu essa conversa, mas até hoje lembro da Lucia (autora da tese) quando vejo um casal se beijando na pista de um show, no saguão de um aeroporto ou na beira da praia. Penso: olha ali o famoso beijo em pé da Lucia. Não devem ser casados. Se forem, chegaram ontem da lua de mel.
Há quem considere o beijo – não o selinho, o beijo! – uma manifestação muito íntima e imprópria para lugares públicos. Depende, depende. Não há regras rígidas sobre o assunto, tudo é uma questão de adequação. Saindo de um restaurante, abraçados, caminhando na rua em direção ao carro, você abre a porta para sua esposa (sim, sua esposa há uns bons 20 anos) e taca-lhe um beijo antes que ela se acomode no assento. Por que não?
Porque ela vai querer coisa e você está cansado. Ai, não me diga que estou lendo seus pensamentos.
O beijo entre namorados, a qualquer momento do dia ou da noite, enquanto um lava a louça e o outro seca, por exemplo, é um ato de desejo instantâneo, uma afirmação do amor sem hora marcada. No entanto, o tempo passa, o casal se acomoda e o hábito cai no ridículo: imagina ficar se beijando assim, no mais, em plena segunda-feira, com tanto pepino pra resolver. Ninguém é mais criança.
Pode ser. Mas que gracinha de criança foi o goleiro Casillas ao interromper a entrevista da namorada e tacar-lhe um beijo sem aviso, um beijo emocionado, um beijo à vista do mundo, um beijo em pé. Naquele instante, suspiraram todas as garotas do planeta, e as nem tão garotas assim. E os homens se sentiram bem representados pela virilidade do campeão. Pois então: que repitam o gesto em casa, e não venham argumentar que não somos nenhuma Sara Carbonero. Isso não é desculpa."
(em Feliz por Nada, p. 161-162)

* Sim, hoje estou romântica... Ontem revi Doce Novembro... aiai...

sábado, 17 de setembro de 2011

Olha

"Olha, você tem todas as coisas
Que um dia eu sonhei prá mim
A cabeça cheia de problemas
Não me importo, eu gosto mesmo assim

Tem os olhos cheios de esperança
De uma cor que mais ninguém possui
Me traz meu passado e as lembranças
Coisas que eu quis ser e não fui

Olha, você vive tão distante
Muito além do que eu posso ter
E eu que sempre fui tão inconstante
Te juro, meu amor, agora é prá valer

Olha, vem comigo aonde eu for
Seja minha amante, meu amor
Vem seguir comigo o meu caminho
E viver a vida só de amor."

(Roberto e Erasmo Carlos)
Não gosto do Roberto Carlos como intérprete, mas é inegável o talento da dupla de compositores!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Compulsivos Anônimos

Compulsão
- seja por mulher, por sexo, por comida, por compras -
é um sintoma perturbador,
a que
paradoxalmente
o consumo só faz aumentar,
nunca diminuir.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

"Você pode mesmo ficar ansioso ao pensar em dar uma olhada nas coisas como são, em pôr a descoberto aquilo que você mascarou com a maior persistência."
(em Só quero o que é melhor para você, p. 114)
"A gente só devia ir ao cinema de noite e em seguida dormir.
Ir durante o dia inutiliza o resto do dia,
tão boba, burra e narcotizada eu fico."
(em Minhas Queridas, p. 91)