terça-feira, 27 de setembro de 2011

Teorias Selvagens

"Olha friamente para mim, com a intenção de me atravessar. Sabe que não pode abaixar muito os olhos porque meu decote o espreita: se chego a captar seu olhar ali, titubeando na frente do precipício, minha suficiência desarmaria a qualidade lacerante que pretende imprimir a esse silêncio de adesivo onde sua cara fica presa como um bicho, nua.
[...]
A autoconsciência o trai.
[...]
Esses vaivéns são essenciais ao plano. Devo provocá-lo para que a fúria e a fascinação o deixem absolutamente cego e não consiga pensar. Então meus pensamentos se derramarão pelos buracos sintéticos do que se supõe ser a sua vontade, e não haverá salvação. Não poderá escapar.
[...]
Se seu oponente tem um temperamento colérico, tente irritá-lo. Se é arrogante, fomente seu narcisismo. Se se equivoca, não o interrompa. Precisa vir para cima de mim e eu, me encolher e resistir."

(em As Teorias Selvagens, p. 118)

2 comentários:

Mostre a sua!