Era noite.
Andava pelas ruas.
Nos becos escuros.
O 'underground' da cidade.
Vestia apenas uma capa. Os saltos incomodavam.
Fazia frio.
O cigarro havia acabado. Precisava de uma bebida.
Andava apressada, em pequenos passos. Nervosa, estava à procura de uma pista. Nada ainda.
Chegou a casa onde talvez encontrasse.
O som estava alto e o ambiente enfumaçado. O cheiro era de bebida, cigarro e perfume barato.
Homens e mulheres riam. Se fundiam. Confundiam.
Percorreu todos os ambientes.
Lá estava ela. Escondida sob uma pequena mesa. Pegou-a e deixou o lugar rapidamente.
Era uma bela caixa.
Não tinha a chave.
Melhor assim.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Conveniência
Era a última noite.
Cumpriríamos um ritual.
Entramos mudos.
Permanecemos calados.
Entre corpos, sussurros e gemidos.
Meu corpo.
O corpo dela.
Na nudez mais sórdida.
Precisava ter certeza.
Nada excedia ao sexo.
Nossos olhares mal se cruzaram.
Gozo. Volúpia. Desejo.
Um último olhar profundo.
Seguiu-se o orgasmo.
Nem uma palavra dita.
Ao fundo, ouviam-se apenas os gemidos.
Na boca do lobo
"Alguns de meus melhores amigos
os mais honrados e honestos
suicidaram-se
Não seguraram a barra
Algumas de minhas mulheres
as mais doces e suaves
tornaram-se azedas e corrosivas
Estou na boca do lobo
e não sei o que fazer
tento apenas ganhar tempo
Pode ser instinto de preservação
O fantasma de Kaváfis
A influência da lua
Escuto cantos gregorianos
no crepúsculo
com um charuto
e uma garrafa de rum nas mãos
olho para o mar
O nojo e a merda se dissolvem
na luz dourada
E minha mulher
que limpa a casa
alheia a tudo
me diz ‘não beba sozinho
me traz uma dose
com mel e limão’."
Pesadelo
Estava muito doente...
O quarto cheio de aparatos médicos...
Permanecia deitada, sem forças...
Quando chegaste, com vento nos cabelos, esbaforido,
gravata desalinhada, mangas arregaçadas,
me lançaste um terrível olhar de pena.
Passavas a mão no meu rosto e nos meus cabelos
inconformado...
Beijavas a minha testa e dizias baixinho
que querias me ver bem, que eu precisava reagir.
E eu sentia apenas um profundo cansaço,
lutando para manter os olhos abertos,
porque queria ficar te olhando
e prestando atenção no que dizias.
As pálpebras teimavam em querer fechar...
Eu precisava do teu carinho, mas o meu corpo não permitia...
Foi então que alguém se aproximou pedindo para ires embora,
pois até então eu estava dormindo e desde que havias
chegado eu tentava ficar acordada,
o que estava exigindo muito de mim,
que eu precisava descansar...
Eu olhava, querendo dizer que te queria ali,
mas não conseguia...
Quando ainda falava
e eu já estava no limite da minha
angústia, disse que não...
que primeiro precisava te mostrar uma coisa...
e me levantei devagarinho...
dei alguns passos e caí...
Foi então que chegaste bem pertinho de mim,
me pegaste no colo,
e sussurraste no meu ouvido:
- Não precisa ter medo, meu amor, eu te levo...
E senti o meu corpo inteiro relaxar em teus braços...
Sonho
Foi um beijo daqueles, docemente intermináveis...
a boca que não consegue desgrudar da outra...
o sabor do batom...
o teu gosto
a textura
a respiração
o toque
o silêncio
só o olhar a falar.
O coração que dispara...
o sorriso que ilumina...
o aconhego do abraço...
a calma santa do teu regaço...
o relaxamento necessário para permanecer em outro beijo...
E parecia que não teria fim...
Ovos quentes e café na cama
as suas lágrimas no meu pijama,
você não pode me cobrar pelo que deu de graça!
Sempre inventando mais provas de amor
e só me abraça pra sentir o efeito
acho que a sua inspiração está em livros de direito...
Talvez eu tenha ganhado mais do que eu tenha dado
mas contas de amor sempre dão errado
você me lembra do passado
e tudo mais pra eu me sentir culpado...
Amor por retribuição
você só pode estar de brincadeira!
Pingüins em cima de geladeira
valem tanto quanto um beijo por compaixão!
(Kid Abelha)
segunda-feira, 28 de junho de 2010
"Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza, deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque assim que és…"
domingo, 27 de junho de 2010
Amante
"Casado, continuo a achar as mulheres irresistíveis.
Não deveria, dizem.
Me esforço. Aliás,
já nem me esforço.
Abertamente me ponho a admirá-las.
Não estou traindo ninguém, advirto.
Como pode o amor trair o amor?
Amar o amor num outro amor
é um ritual que, amante, me permito."
Dica
Estava procurando imagens para as minhas postagens e me deparei com essa, que logo me pareceu ser algum lugar da Europa... fui checar e era Viena... Ai, que delícia viajar! E aproveito para sugerir dois filmes encenados pelo belo casal abaixo (e eu, pessoalmente, fico com o pôr-do-sol).
Jesse e Celine (Antes do Amanhecer/1995 - Pôr-do-sol/2004) - Essa é a utópica história de amor. Duas pessoas, completamente desconhecidas, decidem se conhecer durante um dia, caminhando pelas belíssimas ruas de Viena. Ali, eles discutem seus planos para o futuro, sabendo que nunca mais se verão, após aquela noite. Ótimas atuações e diálogos repletos de sinceridade, fazem com que aqueles dois na tela sejam a personificação daquilo que sempre sonhamos. A segunda parte do filme, feita 9 anos depois, mostra o reencontro deles, agora adultos, maduros e com suas próprias vidas. Mais que isso, derrete ambos luxuriosamente para o espectador, sem qualquer dó. Nesse momento eles revelam o quanto uma noite significou na vida de cada um. Tudo expresso na bela canção "Waltz for a night". É sério, esse filme só fará sentido se você estiver com a pessoa certa, portanto, cuidado.
sábado, 26 de junho de 2010
Coisas de casal
"A cama estava como Elide a deixara ao se levantar, mas do lado dele, Arturo, estava quase intacta, como se tivesse siso arrumada naquele momento. Ele se deitava de seu próprio lado, como devia, mas depois esticava uma perna para lá, onde havia ficado o calor da mulher, em seguida esticava também a outra perna, e assim pouco a pouco se deslocava todo para o lado de Elide, naquele nicho de tepidez que ainda conservava a forma do corpo dela, e afundava o rosto em seu travesseiro, em seu perfume, e adormecia.
[...]
Elide ia pra cama, apagava a luz. De seu próprio lado, deitava, espichava um pé em direção ao lugar do marido, para procurar o calor dele, mas toda vez reparava que onde ela dormia era mais quente, sinal de que Arturo também havia dormido ali, e isso despertava uma grande ternura."
(Ítalo Calvino em Os Amores Difíceis)
Secret Garden
Ela te deixará entrar
Mesmo que chegues tarde
Ela permitirá que fiques em sua boca
Se disseres as palavras certas
Ela consentirá que a invadas
Se pagares o preço
Pois há lugares secretos
Que ela esconde muito bem
Ela te deixará guiá-la
Por todos os caminhos que quiseres
Ela permitirá que investigues seu corpo
O que fará com que te sintas especial
Ela te deixará marcado em seu coração
Se você conseguir fazê-la acreditar
Pois aos lugares secretos
Poucos têm acesso
Viajaste tantos quilômetros
Veja quão longe chegaste
Para estar nos lugares em que agora
Já não consegues lembrar
E não poderias ter esquecido
Não deverias tê-los ignorado tão rapidamente
Pois esses lugares secretos
A poucos são revelados
Ela te deixaria guiá-la por todo o trajeto
Pois há ternura e amor no ar do caminho
Ela te permitiria ir longe o suficiente
Então saberias que ela estava ao teu lado
Ela te olharia e abriria aquele sorriso
Com os olhos dizendo
Que esses lugares secretos
Onde tudo que queres
Onde tudo que precisas
Sempre estarão lá
À espera de quem ouse...
Inspirado em Secret Garden (na voz de Bruce Springsteen), tocando, agora, ao fundo...
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Break up the mirror
Confesso.
Às vezes me retraio, me isolo, me fecho.
Necessito.
Não significa estar assustada ou com medo.
É que remexeste muito. Em tudo.
E apenas quando estou só
o coração se abre
o pensamento flui
as emoções se aclaram
Tudo se(me) revela.
E é aí que percebo
o quanto da minha vida é sentimento
o quanto necessito de instigação
o quanto necessito de inspiração
o quanto disso vem de ti.
Porque
a saudade é forte
a química é forte
a vontade é forte.
Tudo de rara sintonia.
Tudo de rara sintonia.
E gosto do conforto dos teus braços.
Preciso da tua paz em mim...
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Por amor
E desde então,
sou porque tu és
E desde então
és sou e somos...
E por amor
Serei... Serás... Seremos...
Silêncio
Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.
Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.
Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.
Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.
Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.
Ternura
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.
(Vinícius de Moraes)
Rituais I
Houve um tempo em que comprávamos livros lights (tipo best sellers mesmo), para desopilar da sobrecarga de trabalho e manter o prazer pela leitura mesmo em dias estafantes. Os considerados mais interessantes eram repassados de uma pra outra, a fim de que fizéssemos registros às margens e grifássemos as passagens consideradas mais interessantes. Isso nos unia, divertia, fazia com que nos conhecêssemos melhor... era um ritual muito bom. Um dos meus, em especial, foi bastante anotado, até porque, nesse caso, a ficção utilizou-se de um grande filósofo. Aqui vão alguns dos trechos anotados:
"A alegria de ser observado era tão arraigada que a verdadeira dor da velhice, do luto, de sobreviver aos amigos estava na ausência de escrutínio: o horror de viver uma vida inobservada."
"Sua conclusão, então, é que se deve encurtar a morte caso se deseje."
"Assim como ossos, carne, intestinos e vasos sanguíneos estão encerrados em uma pele que torna a visão do homem suportável, também as agitações e paixões da alma estão envolvidas pela vaidade; ela é a pele da alma."
"O importante é a coragem de ser eu mesmo."
"Se as crenças e o comportamento humanos devem ser entendidos, é preciso primeiro varrer a convenção, a mitologia e a religião. Somente então, sem nehuma pré-concepção, qualquer que seja, pode-se ter a pretensão de examinar o sujeito humano."
"Por que não tenta aprender o que tenhoa a ensinar em vez de provar quanta coisa não sei?"
"Não vê que o problema não está no seu sentimento de desconforto? Que importância tem a tensão ou pressão no seu tórax? Quem foi que lhe prometeu conforto? Você dorme mal! E daí? Quem foi que lhe prometeu um sono tranquilo? Não, o problema não está no desconforto. O problema é que você sente desconforto pela coisa errada!"
"Tento ensinar-lhe que os amantes da verdade não temem águas tempestuosas ou turvas. O que tememos são águas rasas!"
"Ele uma vez contou que banhos frios ajudam a enrijar a pele. Haverá uma receita para enrijar a determinação?"
"É claro que você sofre, é o preço da visão. É claro que você sente medo, viver significa correr perigo."
"Perdoa-se aos amigos com mais dificuldade do que aos inimigos."
"O crescimento é mais importante do que o conforto."
"Ele domou sua natureza selvática, transformou seu lobo num cão de raça. E ele denomina moderação. Seu nome real é mediocridade!"
"É bem verdade que minha obsessão por Bertha me mantém fixado à superfície das coisas, não me sobrando tempo para pensamentos mais profundos e sombrios."
"- A mulher mais desejável é a mais assustadora. Não, é claro, devido ao que é, mas devido ao que fazemos dela. Muito triste!
- Triste, Friedrich?
- Triste para a mulher que nunca é conhecida, e triste, também, para o homem."
"Amamos mais o desejo do que o ser desejado."
(Quando Nietzsche Chorou, de Irvin D. Yalom)
Lara, Mari, saudades do que conseguíamos fazer, apesar e além das dificuldades cotidianas! Beijos!
Saudade
“As cidades, como os sonhos, são construídas de desejos
e medos, não obstante o fio de seu discurso ser
secreto, suas regras absurdas, as perspectivas
enganosas e cada coisa esconder outra.”
(Ítalo Calvino em As cidades invisíveis)
Que é Simpatia
Que nasce num só momento,
Sincero, no coração;
São dois olhares acesosBem juntos, unidos, presos
Numa mágica atração.
Simpatia – são dois galhosBanhados de bons orvalhos
Nas mangeiras do jardim;
Bem longe às vezes nascidos,
Mas que se juntam crescidos
E que se abraçam por fim.
Que riem no mesmo riso,
Que choram nos mesmos ais;
São vozes de dois amantes,
Duas liras semelhantes,
Ou dois poemas iguais.
Simpatia – meu anjinho,
É o canto de passarinho,
É o doce aroma da flor;
São nuvens dum céu d’agosto
É o que m’inspira teu rosto...
Simpatia – é quase amor!
(Casimiro de Abreu)
terça-feira, 22 de junho de 2010
Falli'n love
"No começo, o tempo parecia ser um carrasco. Passava depressa quando eu estava ao lado de Ana. Fazíamos tudo juntos. E gostávamos disso. Se me perguntassem com quem eu queria fazer alguma coisa, não tinha nenhuma dúvida: com Ana. Ir ao cinema, ao teatro, ficar lendo debaixo das cobertas, correr no parque de manhã, alugar aqueles filmes na locadora, comer pizza, fazer compras, ir ao supermercado, transar, almoçar no meio do dia corrido, sair pra dançar, ver um show, ficar tomando sol no final da tarde na praia, caminhar perto do mar, ficar ouvindo um cd, ir a uma exposição, ver televisão reclamando dos programas ruins, dividir os cadernos do jornal aos domingos, viajar. Fazíamos tudo juntos. E era isso que queríamos. Quando estávamos um ao lado do outro, não precisávamos de mais nada. De mais ninguém. Ana entrou na minha vida de repente. Naquele fim de semana na praia. Entrou sem bater, sem pedir licença. Foi mexendo comigo, tirando as coisas do lugar, me virando do avesso. Desde o primeiro dia, me trouxe novas sensações. Tirou meu sossego, no bom sentido.Me fez chorar algumas vezes. Me fez rir outras tantas. Ativou um turbilhão de sentimentos. Mexeu com meu humor. Me deixou confiante. Me fez um dependente. Me ensinou o que não conhecia. Aprendeu um pouco. Me fez perder o controle. Planejar. Me fez dizer eu-te-amo. Gostar. Mexeu com o que estava quieto. Melhorou minha pele. Me virou de ponta-cabeça. Me deixou bobo. Me despertou. E era justamente isso que eu queria." (Eduardo Baszczyn em Desamores).
Estamos sós
"Presta atenção: a vida inteira
esperando que um dia alguém nos dê a mão.
Na adolescência, para mim, era uma sombra feminina
que eu levava para todos os cantos, e amava.
Eu amava estonteantemente aquela menina.
Nunca veio, nunca virá: meu próprio espelho.
Estamos essencialmente sós neste mundo, mas não tão
sós a ponto de poder fazer de cada momento
um momento sem qualquer desejo,
puro e pleno."
(Renato Rezende, no caderno Mais! da FSP)
Despojamento
Eliminei o excesso de paisagem
simplifiquei toda a decoração
retirei quadros flores ornamentos
apaguei velas copos guardanapos
e a música
Bani a inutilidade do discurso
Na mesa de madeira
nua
apenas dois pratos
brancossem talheres
O banquete será tua presença.
(Ivo Barroso)
segunda-feira, 21 de junho de 2010
A Noite
A Noite 1
Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada em minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta.
A Noite 2
Eu adormeço às margens de uma mulher: eu adormeço às margens de um abismo.
A Noite 3
Eles são dois por engano. A noite corrige.
A Noite 4
Solto-me do abraço, saio às ruas.
No céu, já clareando, desenha-se, finita, a Lua.
A Lua tem duas noites de idade.
Eu, uma.
(Eduardo Galeano em Mulheres)
Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada em minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta.
A Noite 2
Eu adormeço às margens de uma mulher: eu adormeço às margens de um abismo.
A Noite 3
Eles são dois por engano. A noite corrige.
A Noite 4
Solto-me do abraço, saio às ruas.
No céu, já clareando, desenha-se, finita, a Lua.
A Lua tem duas noites de idade.
Eu, uma.
(Eduardo Galeano em Mulheres)
A pedidos
Rotina não existe.
Estamos condenados a escolher.
Se vamos levantar da cama de manhã ou virar pro lado, ligar o f-se, e deixar o mundo cair...
Caso tenhamos decidido nos levantar: se vamos comer, tomar banho, que roupa vestir, e por aí vai... e os riscos são mtos! De comer algo estragado, de tomar banho gelado, de sair de mini saia e mini blusa e cair o maior toró e a pessoa lá, no ponto de ônibus, encarangada de frio... e a pneumonia que se pode pegar?! Um puta risco!
Existem coisas que, claro, colocamos no automático, senão provavelmente enlouqueceríamos: fechar a porta, ligar o alarme do carro, tomar banho (já repararam que nos lavamos sempre do mesmo jeito? E a toalha também faz sempre o mesmo trajeto ao secar?!). Só que ninguém disse que não se pode vez por outra ligar o som, pegar um vinho, deitar na banheira com água bem quente e ficar ali... no ócio.. ainda que criativo (!?)... deitar na cama sem secar o corpo... tomar simplesmente um banho de chuva...
Quantas vezes já nos pegamos pensando se de fato a porta tinha sido trancada ou o alarme ligado?! Isso não nos tira a paz?! Não nos deixa com receio de que alguma coisa ruim aconteça?! Um puta risco!
Porque é exatamente isso que as escolhas demandam: consequências.
E cada um que arque com a sua!
Então, para nós, adutos, não existe o luxo da rotina, só existe escolha.
O tempo todo e sempre.
Na paixão a escolha já começa no objeto... e obviamente, depois que escolhido, rotina não há, pois é o teu olhar sobre o outro e isso é mistério até... bem, como tu mesmo disseste, acabarmos por moldá-lo ou domesticá-lo. Fazemos com que se torne previsível, perdemos o elã, a tempestade torna-se uma "adorável" calmaria entre dois corpos que antes ardiam... e a isso também podemos escolher chamar de amor ou tédio absoluto.
E até chegar aí já escolhemos tanto! Pois provavelmente não permitimos que o outro seja quem realmente é... que nos surpreendesse... que experimentasse... às vezes sequer permitimos nos deixar surpreender... Porque nesse momento já entraram: preguiça, ciúme, insegurança, medo, opinião alheia. Disparam-se automaticamente gatilhos dos nossos ciclos internos. E talvez seja justamente a repetição incansável do nosso próprio modelo o impeditivo... e seria necessário escolher a mudança para fazer diferente.
A rotina só existe, de fato, quando dependemos absolutamente de alguém. Quando não temos ainda ou já perdemos a ingerência sobre a própria vida. Isso qualquer livro de psicologia infantil ensina. E é por isso que bem cedo precisamos dela, para nos firmarmos no mundo com segurança. Pois é isso que nos primeiros anos de vida a rotina traz: segurança; porque a criança ainda não elabora noções mais complexas como medo, limite, perigo. A partir do momento em que começa a formar seus próprios conceitos, passa a experimentar e, logo, a escolher.
Talvez se fôssemos mais libertários, nos permitíssemos mais, deixando de lado sentimentos mesquinhos e toda essa mediocridade que nos rodeia e nos é inerente... Provavelmente as paixões durariam mais e os amores não se reduziriam à convivência pacífica de duas pessoas que pensam que se conhecem tão bem que não têm mais nem motivo para brigar.
Gosto quando me provocas... ;)
Onde fica o gol?!
Porque amiga que é amiga, vai com o dedo direto na ferida... e é assim que tem que ser!
Tá bom, tá bom... já cortei os cabelos!
Valeu, negona! Beijos!
"Em função da mobilização com a Copa do Mundo, andei me lembrando de uma conversa que tive com um amigo, anos atrás. Ele liderava uma equipe numa agência de publicidade e trabalhava em ritmo alucinado. No decorrer do papo, ele desabafou dizendo que era difícil conviver com colegas que não sabiam para que lado ir, o que fazer, como agir, e que por causa dessas incertezas perdiam tempo e faziam os outros perderem também. E exemplificou: “Sabe por que eu sempre gostei do Pelé? Porque o Pelé pegava a bola em qualquer lugar do gramado e ia com ela reto para o gol. Ele sabia exatamente para onde tinha que chutar”.
– Isso que você nem é muito fã do esporte – comentei.
– Pois é, não jogo futebol, mas tenho alma de artilheiro: entro em campo e já saio perguntando onde é que é o gol. É pra lá? Então é pra lá que eu vou, sem desperdiçar meu tempo, sem ficar enfeitando.
Taí o que a gente precisa se perguntar todo dia quando acorda: onde é que é o gol?
Muitas pessoas vivem suas vidas como se dopadas, chutando para todos os lados, sem nenhuma estratégia, contando apenas com a sorte. Elas acreditam que, uma hora dessas, de repente, quem sabe, a bola entrará. E, até que isso aconteça, esbanjam energia à toa.
“Goal”, em inglês, significa objetivo. Você deve ter um. Conquistar um cliente, ser o padeiro mais conceituado do bairro, melhorar a aparência, sair de uma depressão, ganhar mais dinheiro, se aproximar dos seus pais. Pode até ser algo mais simples: comprar as entradas para um show, visitar um amigo doente, trocar o óleo do carro, levar flores para sua mulher. Ou você faz sua parte para colocar a bola dentro da rede, ou seguirá chutando para as laterais, catimbando, sem atingir nenhum resultado.
Quase invejo quem tem tempo a perder: sinal de que é alguém irritantemente jovem, que ainda não se deu conta da ligeireza da vida. Já os veteranos não podem se dar ao luxo de acordar tarde, e, no caso, “acordar tarde” não significa dormir até o meio-dia: significa dormir no ponto, comer mosca. Não dá. Depois de uma certa idade, é preciso ser mais atento e proativo.
Parece um jogo estafante, nervoso, mas não precisa ser. O gol que você quer marcar talvez seja justamente aprender a ter um dia a dia mais calmo, mais focado em seus reais prazeres e afetos, sem estresse. É uma meta tão valiosa quanto qualquer outra. Só que não pode ser um “quem sabe”, tem que ser um gol feito.
Essa é a diferença entre aqueles que realizam as coisas e os que ficam só empatando."
Tá bom, tá bom... já cortei os cabelos!
Valeu, negona! Beijos!
domingo, 20 de junho de 2010
Filme do finde
Já há algum tempo não ia ao cinema... e ADORO ir! Curto o ritual que envolve a ida ao cinema: a escolha do filme, companhia, horário, roupa, etc...
E foi a primeira vez da minha filha! Imperdível! Uma delícia!
Filme: Toy Story 3.
Horário: 11h20m (tudo tem que ser adaptado à rotina da criança, óbvio!).
Lanche: muita “picoca” e água saborizada.
Impaciência.
E enfim saltam da tela os indefectíveis: caubói Woody, o astronauta Buzz Lightyear, a vaqueira Wendy, o cofre-porquinho, o dinossauro, os cabeça-de-batata... Vêm, agora, acompanhados de novas figuras, como a Barbie, o Ken, um ursinho de pelúcia rosa (o vilão graças a um trauma sofrido pelo abandono da dona), ervilhas dentro de uma vagem, bonequinhas de pano... personagens bastante conhecidos no universo infantil.
A pequena ficou assistindo metade do filme em pé, apoiada nas cadeiras da frente, fazendo comentários, rindo, dando gritinhos... uma delícia, enfim.
No final, claro, veio para o colo, pois estava cansada...
A história – sob o meu ponto de vista, a melhor das três, como, aliás, também achei o “A Era do Gelo 3” e o “Shrek 3” (como os caras conseguem se superar?!) – traz o menininho do primeiro filme já crescido, indo para a faculdade, e o mote é o que fazer dos brinquedos da infância... guardá-los, doá-los ou jogá-los fora?! Drama pelo qual todos nós fomos tomados em algum momento de nossas vidas...
Cenas imperdíveis são: o ataque das crianças pequenas do berçário – de uma brutal inocência, como sabemos os pequenos – aos “novos” brinquedos doados; o Buzz pretensamente “seduzindo” a Wendy hablando en español (literalmente 'mode on' – como diria uma amiga) e dançando agarradinho a ela numa apresentação fantástica e surpreendente da sedutora veia latina do herói durão! rs; o hiper-vaidoso e de sexualidade indefinida Ken, desfilando seus trajes para uma Barbie pseudo-encantada com seus atrativos metrossexuais!
O final é bastante comovente!
Indicadíssimo! É um programa encantador também para adultos, que inevitavelmente lançarão um olhar melancólico e terno à infância que já se foi...
Leitura do finde
Numa sorvida só! Vale cada gota!
Uma provinha:
Quero uma mulher perdigueira
Uma provinha:
Quero uma mulher perdigueira
Meus amigos reclamam quando suas namoradas os perseguem. Lamentam o barraco do ciúme, a insistência dos telefonemas para falarem praticamente nada, o cerceamento dos horários.
Sempre as mesmas tramas de tolhimento da liberdade, que todos concordam e soltam gargalhadas buscando um refúgio para respirar.
Eu me faço de surdo.
Fico com vontade de pedir emprestada a chave da prisão para passar o domingo. Acho o controle comovente. Invejável.
Não sou favorável à indiferença, à independência, ao casamento sartreano. Fui criado para fazer um puxadinho, agregar família, reunir dissidentes, explodir em verdades. Duas casas diferentes já é viagem, não me serve.
Aspiro ao casamento pirandelliano, um á procura permanente do outro. Sou um totalitário da paixão. Um tirano. Um ditador. Não me dê poder que escravizo. Não me dê espaço que cultivo. Não me eleja democraticamente que mudo a constituição e emendo os mandatos.
Quero uma mulher perdigueira, possessiva, que me ligue a cada quinze minutos para contar uma idéia ou uma nova invenção para salvar as finanças, quero uma mulher que ame meus amigos e odiei qualquer amiga que se aproxime. Que arda de ciúme imaginário para prevenir o que nem aconteceu. Que seja escandalosa na briga e me amaldiçoe se abandoná-la. Que faça trabalhos em terreiro para me assustar e me banhe de noite com o sal grosso de usa nudez. Que feche meu corpo quando sair de casa, que descosture meu corpo quando voltar. Que brigue pelo meu excesso de compromissos, que me fale barbaridades sob pressão e ternuras delicadíssimas ao despertar. Que peça desculpa depois do desespero e me beije chorando.A mulher que ninguém quer eu quero. Contraditória, incoerente, descabida. Que me envergonhe para respeitá-la. Que me reconheça para nos fortalecer.
A mulher que não sabe amar recuando e não tolera que eu ame atrasado. Que parcele em dez vezes seu dia, que não pague a conversa à vista na hora do jantar, que não junte suas notícias para contar de noite como um relatório. Admiro os bocados, as porções, as ninharias. Alegria pequena e preciosa de respirar rente ao seu nariz e definir com que roupa vou ao serviço.
O amor é uma comissão de inquérito, é abrir as contas, é grampear o telefone, cheirar as camisas. É também o perdão, não conseguir dormir sem fazer as pazes.
O amor é cobrança, dor de cotovelo, não aceitar uma vida pela metade, não confundi-la com segurança. Exigir mais vontade quando ela se ofereceu inteira. Enlouquecê-la para pentear seus cabelos antes do vento. Enervá-la para que diga que não a entende. E entender menos e precisar mais.
Quem aspira ao conforto que se conserve solteiro. Eu me entrego para dependência. Não há nada mais agradável do que misturar os defeitos com as virtudes e perder as contas na partilha.
Não há nada mais valioso do que trabalhar integralmente para uma história. Não raciocinar outra coisa senão cortejá-la: avisá-la para espiar a lua cheia, recordar do varal quando começa a chover, decorar uma música para surpreendê-la, sublinhar uma frase para guardá-la.
Sou doido, mas doido varrido. Bem limpo. Aprendi a usar furadeira e agora entro fácil em parafuso. Quero uma mulher imatura, que possa adoecer e se recuperar do meu lado. Uma mulher que me provoque quando não estou a fim. Que dance em minhas costas para me reconciliar com o passado. Que me acalme quando estou no fim do filtro. Que me emagreça de ofensas.
Não me interessa um tempo comigo quando posso dividir a eternidade com alguém.
Quero uma mulher que esqueça o nome de seu pai e de sua mãe para nascer em meus olhos. Em todo momento. A toda hora. Incansavelmente. E que eu esteja apaixonado para nunca desmerecê-la, que esteja apaixonado para não diminuí-la aos amigos. (Fabrício Carpinejar)
sábado, 19 de junho de 2010
Caros amigos
“Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que ‘normalidade’ é uma ilusão imbecil e estéril.”
São poucos, mas fundamentais! Amo vocês!
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Saramago
“É preciso que a sociedade civil acorde, desperte; que as consciências gritem. Diz-se que a consciência é muda. Pois convém que a consciência não seja muda, que grite.”
(José Saramago)
(José Saramago)
Separação
Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles.
Viu-a assim por um lapso, em sua beleza morena, real mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória. Quis emprestar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser evaporar-se em direção a ela. Mais tarde lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa. Lembrar-se-ia haver-se dito que a ausência de cores é completa em todos os instantes de separação.
Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo, numa tentativa de secionar aqueles dois mundos que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se muito longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce.
Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado, e dele separada por imperativos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela. Sabia que aquela era a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais. E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoara com os seus beijos e agasalhara nos instantes do amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias – um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas.
De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde...
(Vinícius de Moraes)
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Últimos versinhos teus
Me reconheci em ti
Tão raro que uma vez só senti
Sabes que sei
E jamais te cobrarei
A escolha foi tua
E me deixaste assim, nua
Por favor, agora me soltes
E não queiras que eu volte
Algo se partiu
O que havia de meu em ti sumiu
Muito te quis
Mas já me deixas infeliz
Mesmo sabendo que ainda sou tua
Largo tudo e ganho a rua
Partida
Forma-se um vazio triste nas despedidas
É um pedaço meu que fica?
É uma parte tua que levo?
Será o que nós dois não somos mais?
Mantenha-se quieto até que o meu coração silencie
Espero, sincera, que não esqueças
Faça sozinho, evite que alguém te guie
Não deixe que tudo o que vi em ti desapareça
Em algum lugar ficarão registradas nossas memórias
Porque tu queres ficar e eu tenho que ir
Um dia poderemos relembrar nossa história
Não venha mais, preciso seguir
Espaço
Mesmo que nossos olhos não se cruzem mais
Para dizer em silêncio tudo o que ficou escondido
[para sempre
[para sempre
Haverá momentos em que nossos pensamentos
[se encontrarão no espaço
[se encontrarão no espaço
E então sentiremos falta de estarmos juntos outra vez
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Sexualidade
"Também não compreendo mais por que a sexualidade deveria ter o monopólio da exclusividade. Considero, de preferência, a sexualidade como uma belíssima e riquíssima linguagem, muito preciosa, muito poderosa. Por que seria necessário utilizá-la com uma só pessoa? Aliás, cada relação sexual não evolui com seu estilo próprio? Por que seria necessário ter na vida apenas uma conversa profunda de cada vez? A cada um compete saber e experimentar quantas conversas é capaz de ter paralelamente. Cada um com sua força e sua quantidade de ideais. A sexualidade é uma ferramenta - maravilhosa e lúdica - que permite às pessoas se aproximarem, trocarem experiências. Acredito que a sexualidade de uma pessoa se alimenta também de encontros, da novidade dos corpos e das pessoas." (Florence Ehnuel em O belo sexo dos homens).
Apaixonamento
"Estar apaixonada por um homem me torna apaixonada por todos os lados. Todos os meus sentidos ficam em alerta, a receptividade pela beleza masculina torna-se dez vezes maior, meu entusiasmo pelo encontro se atiça e eu me lanço na busca e na inconstância. Adquiro abertura, gosto em agarrar propostas circunstanciais. Isso não impede absolutamente que meu desejo tenha um núcleo, mas esse núcleo irradia pelo mundo todo, ele erotiza o perímetro." (Florence Ehnuel em O belo sexo dos homens).
Nada por mim
Você me tem fácil demais
Mas não parece capaz de cuidar do que possui
Você sorriu e me propôs que eu te deixasse em paz
Me disse vá e eu não fui
Não faça assim, não faça nada por mim
Não vá pensando que eu sou seu
Você me diz o que fazer, mas não procura entender
Que eu faço só prá te agradar, te agradar
Me diz até o que vestir, por onde andar, aonde ir
Mas não me pede pra voltar
(Herbert Vianna)
Na voz da Paulinha Toller... hummmm... Tudo, não?!
A arte de ser bom
"Sê bom. Mas ao coração
Prudência e cautela ajunta.
Quem todo de mel se unta,
Os ursos o lamberão."
(Mário Quintana)
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