quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

"O que diz este jazz que é improviso? diz braços enovelados em pernas e as chamas subindo e eu passiva como uma carne que é devorada pelo adunco agudo de uma águia que irrompe seu vôo cego. Expresso a mim e a ti os meus desejos mais ocultos e consigo com as palavras uma orgíaca beleza confusa. Estremeço de prazer por entre a novidade de usar palavras que formam imenso matagal. Luto por conquistar mais profundamente minha liberdade de sensações e pensamentos, sem nenhum sentido utilitário: sou sozinha, eu e minha liberdade."

(em Água Viva, p. 23)

2 comentários:

  1. Nada como a liberdade solitária de usar as palavras na tentativa de sermos mais do que apenas carne em êxtase e gozo.

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  2. Claramente o relato de um momento de aprofundamento em si, aprofundamento por meio das palavras. E é mesmo um momento único e muito íntimo, delicioso, só mesmo na solidão consigo, só mesmo na liberdade de se ser quem se é no âmago.

    PS.: Obrigado pelo comentário! Voltarei sempre que possível aqui também.

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