Acho que estou ficando seca por dentro. Insensível mesmo.
Hoje, depois de uma atitude idiota, com uma pessoa que também está passando por algumas dessas dificuldades, me caíram algumas fichas.
Ultimamente tenho percebido que as experiências que tive, os amores que vivi, o momento da vida que estou passando, refletiram no meu modo de lidar com o outro, de me relacionar, me comunicar, me mostrar.
Passei a racionalizar demais minhas relações.
Não consigo mais me abrir com facilidade.
A entrega não é total, dependendo de múltiplas variáveis.
O afeto está sempre disfarçado de outro nome.
Há uma preocupação constante em deixar as regras claras.
Estou continuamente reprimindo falas ou estabelecendo limites.
Cuidando para não dar margem à dupla interpretação.
Outro dia me perguntaram sobre cuidado.
Fazendo isso estou cuidando?
De mim? Será?
Do outro? Por quê?
Percebo agora que estou me reprimindo.
Reprimindo o outro.
Não permitindo.
Já fui mais livre e mais feliz. Dizia o que pensava e fazia o que queria, mesmo com as limitações que existem e não podemos negar. Era mais autêntica e não regulava tudo nem tanto (como faço hoje) e, graças a esse meu jeito libertário, entregas, falta de limites, duplas interpretações, renderam histórias encantadoras e momentos maravilhosos!
Então o que está havendo?
Estou me poupando?
Não há como se poupar do que nunca aconteceu. É preciso cogitar a hipótese de que coisas boas e pessoas encantadoras podem aparecer sim.
A minha fé está abalada?
É provável. Há momentos em que nos sentimos mais calejados e recuar é uma tática quase instintiva. Ocorre que não dá para fazer desse tipo de atitude uma constante.
Sinto medo?
Talvez. Percebo que essa redoma (e a distância) que criei, e em que me mantenho, faz com que me sinta confortavelmente protegida.
Mas isso tudo está se tornando tão cruel!
Virei prisioneira de mim mesma...
Pois é óbvio que as relações têm limitações de tempo, de espaço, de modo, mas a sensação que tenho é que quando vejo que algo está prestes a sair do meu controle, fico contida, me afasto, fujo. Impeço que me invada e transborde, para que eu não tenha que lidar com as frustrações do que eventualmente possa não dar certo.
Não compreendo porque, mesmo sabendo quão arrebatador pode ser um encontro entre duas pessoas, tenho me protegido tanto!
To cansada de estar no controle.
To cansada de me esconder.
To cansada de resistir.
To cansada...
(Me perdoas?!)