A minha porção homem se ressente da minha falta de habilidade com localização espacial.
Sempre foi assim.
Aliás, localização espacial e coordenação motora.
Sou um zero à esquerda.
Eis que ontem saímos de um aniversário lá pelas 22h, depois de muitos cuidados para a pequena não manchar o sofá branco da sala chiquérrima da minha amiga, nem derramar nada em cima do tapete, muito menos deitar-se no meio da sala em um ato de pura rebeldia do alto dos seus dois anos.
Absolutamente tranqüila e desestressada depois da sessão aniversário-de-adulto-com-criança-pequena (registre-se que aqui não posso fazer nada sem ela, pois fora a babá, não tenho parentes com quem possa deixá-la, já que estão todos em FLN), peguei um caminho que não costumo pegar, por pura falta de vontade de pensar em um “trajeto” mais adequado.
E vínhamos cantando e... quando caí em “si”, vi que estava na contramão e num cruzamento.
Tudo bem que Lages, às 22h, está vazia... mas como ‘sorte’ é o meu codinome, do outro lado da rua, aguardando a abertura do sinal, havia uma viatura da PM. Quando dei sinal para entrar à direita, vieram atrás já sinalizando com a luz para que eu parasse. Encostei o carro, pararam atrás.
Um dos policiais saltou e, quando chegou na minha janela eu já confessava: “Estava na contramão, né?” e estendi minha identidade funcional pra ele, que me olhou aturdido, provavelmente achando que era um carteiraço! Não que ela valha alguma coisa, mas em tempos em que o que se pressupõe é a má fé do sujeito, não seria eu, com essa cara de integrante de quadrilha de desmanche de carros, que escaparia ilesa do prévio julgamento do sr. Policial.
E quanto mais se desenrolava a história, mais eu me enrolava...
Foi então que ele perguntou por que eu havia dado o documento a ele e eu, achando ÓBVIO o porquê, respondi que achei que era o que ele me pediria, e continuei a procurar o documento do carro sem me dar conta que o meu ‘documento’ tinha que ser a Carteira de Habilitação e não minha carteira funcional...
Enquanto revirava minha bolsa do avesso, a Duda se metia entre um banco e outro da frente do carro perguntando: “Quem é esse cara, mamãe?!” E eu, que nunca saio com ela solta dentro do carro, quis morrer naquele instante, depois de dizer pra ela, entre dentes: “Senta, minha filha!”
Finalmente achei também a CNH e daí caiu a ficha...
Apresentei os documentos ao policial – que desde o início demonstrava muito ‘boa’ vontade –, que imediatamente disse que eu estava com a documentação do carro atrasada...
Gelei.
E quanto mais eu explicava, mais me sentia ‘contadora de historinhas pra boi dormir’... “É que como nunca lidei com documentos de carro, emplacamento, essas coisas (de menor importância, teria dito no meu estado normal), paguei tudo, a concessionária me entregou isso e achei que estava tudo certo.”
Mas não estava, minha senhora. Faltava alguma coisa que até agora não sei o que é... mas saberei amanhã no DETRAN...
Eis que ele me perguntou por que eu andava na contramão... daí – embora a vontade fosse de gritar que estava tendo um surto psicótico e havia decidido atropelar pessoas e bater o carro em plena segunda-feira às dez da noite EM LAGES – tive que dizer calmamente que não era daqui, que sempre fazia os mesmos trajetos e quando desviava uma rua apenas, me perdia...
Ele, então, desconfiado, foi até a viatura...
Voltou dizendo que estava tudo pago e o carro no meu nome (pelo menos isso!!!) e que daquela vez iria me liberar... mas dirigindo à noite, na contramão, com uma criança solta dentro do carro não dava... era pra eu prestar mais atenção à sinalização e tomar mais cuidado com a minha filha...
Mereço?!
Isso que o "Coelho do Natal" (como diria um amigo) estava em casa, morrendo de fome, esperando o nosso retorno... mas isso já é assunto para uma outra postagem... rsrs
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