"Adeus, és preciosa demais para minha posse,
E muito provavelmente sabes o que vales;
A carta de tua superioridade dá-te liberdade;
Meus direitos em ti estão todos determinados.
Pois como te tenho senão por tua concessão,
E por tais riquezas onde está meu mérito?
Falta-me a causa dessa bela dádiva,
E por isso meu direito mais uma vez para trás se desvia.
Tu mesma te deste, teu próprio valor então ignorando,
Ou a mim, a quem o deste, ou por engano,
Assim tua grande dádiva, com a apropriação aumentando,
Torna a voltar-te, por melhor julgamento.
Assim eu te tive como um sonho nos lisonjeia.
No sono um rei, mas ao despertar nada disso."
Talvez por isso Harold Bloom tenha afirmado (e concordo plenamente!):
"Não se pode resolver a questão da influência sem levar em conta o mais influente de todos os autores nos últimos quatro séculos. Às vezes desconfio de que na verdade não nos ouvimos uns aos outros porque os amigos e amantes de Shakespeare jamais ouvem o que os outros estão dizendo, o que faz parte da irônica verdade de que Sheakespeare em grande parte nos inventou. A invenção do humano, como o conhecemos, é um modo de influência que ultrapassa de longe qualquer coisa literária." (em A Angústia da Influência, p. 14).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Mostre a sua!