Tesão!

Sempre soube que tinha memória seletiva.

Tomando um banho de espuma, na companhia de um bom vinho e um cigarrinho básico, concluiu que, mesmo triste, a memória a remetia apenas a coisa boas:

Sedução, paixão, sexo, amor, carinho, ternura, felicidade...

Piquenique no meio da sala de estar...

Lindos e proveitosos dias de praia e mar... 
Peças e shows apaixonantes curtidos a dois...

Banheiros apertados em meio a muita folga...

Criatividade a toda prova...

Viagens de avião...
Fins de semana com surpresas agradáveis...

Comidinhas feitas com amor...

Refém dos cantos de camas redondas...
Comida 'engordante' com coca zero...

Beijos furtivos em lugares improváveis...
Lençóis limpos e perfumados...

O calor da dança a dois...
Massagem, banho gostoso, alongamento...

Construções abandonadas...

Gargalhadas carregadas de afeto...
Confidências trocadas com os amigos...

Praia deserta, à noite, à dois...
Victoria's Secret 'all around'...

Exposições apreciadas a dois...

Surpresas no meio da tarde, da noite, do dia...
Poder e gostar de ajudar...

Paredes imperfeitas para atos perfeitos...

Sorvete lambusado numa tarde ensolarada...
Cafés em Buenos Aires, Paris ou no Bob's mesmo...

Ratear na livraria...
Corpos lambusados numa tarde qualquer...

Viagens deliciosas em todos os sentidos...

Noites que viram dia no motel....
Bons restaurantes, bons passeios, bons hotéis...

Conversas na sacada com o vento batendo no rosto...

Noites 'underground'...
Fantasias...
Um bom livro curtido num lugar agradável...
Preguiça nas tardes de sábado...

Tesão pelo trabalho...

A gargalhada gostosa da filha...
Farrinha, cosquinha, foquinha, montinho...
Saber apreciar tudo isso e o quanto é bom!
E passou-lhe um filme pela cabeça.

Queria se sentir assim: viva.

Apaixonada.

Feliz.

Sempre!
A ignorância não poderia ser feliz mesmo.
A ignorância não compreendia suas divagações.