quinta-feira, 8 de julho de 2010

"Porque era insuportável a oposição entre uma vida morna e a memória de Luísa. Com Luísa, nada podia ser morno. Eu sorria, ela sorria. Éramos dois adversários à altura. Dois lutadores sempre prontos para o combate, com ligeiras tréguas de vez em quando, paradas necessárias para tomar fôlego e recomeçar. E eu sempre tinha forças. Minha resistência era inesgotável com Luísa, apesar de o jogo ser quase sempre duro, arriscado, quase mortal. Disse quase sempre porque havia momentos em que Luísa se tornava suave e vulnerável. E, nesses momentos em que ela era de fato imbatível, as minhas mãos percorriam seu rosto, e eu implorava que ela fizesse eterno aquele abandono. Nesses momentos de Luísa, eu era tão feliz que tinha vontade de chorar."
(Maria Adelaide Amaral em Luísa)

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