segunda-feira, 21 de junho de 2010

A pedidos

Rotina não existe.
Estamos condenados a escolher.
Se vamos levantar da cama de manhã ou virar pro lado, ligar o f-se, e deixar o mundo cair...
Caso tenhamos decidido nos levantar: se vamos comer, tomar banho, que roupa vestir, e por aí vai... e os riscos são mtos! De comer algo estragado, de tomar banho gelado, de sair de mini saia e mini blusa e cair o maior toró e a pessoa lá, no ponto de ônibus, encarangada de frio... e a pneumonia que se pode pegar?! Um puta risco!
Existem coisas que, claro, colocamos no automático, senão provavelmente enlouqueceríamos: fechar a porta, ligar o alarme do carro, tomar banho (já repararam que nos lavamos sempre do mesmo jeito? E a toalha também faz sempre o mesmo trajeto ao secar?!). Só que ninguém disse que não se pode vez por outra ligar o som, pegar um vinho, deitar na banheira com água bem quente e ficar ali... no ócio.. ainda que criativo (!?)... deitar na cama sem secar o corpo... tomar simplesmente um banho de chuva...
Quantas vezes já nos pegamos pensando se de fato a porta tinha sido trancada ou o alarme ligado?! Isso não nos tira a paz?! Não nos deixa com receio de que alguma coisa ruim aconteça?! Um puta risco!
Porque é exatamente isso que as escolhas demandam: consequências.
E cada um que arque com a sua!
Então, para nós, adutos, não existe o luxo da rotina, só existe escolha.
O tempo todo e sempre.
Na paixão a escolha já começa no objeto... e obviamente, depois que escolhido, rotina não há, pois é o teu olhar sobre o outro e isso é mistério até... bem, como tu mesmo disseste, acabarmos por moldá-lo ou domesticá-lo. Fazemos com que se torne previsível, perdemos o elã, a tempestade torna-se uma "adorável" calmaria entre dois corpos que antes ardiam... e a isso também podemos escolher chamar de amor ou tédio absoluto.
E até chegar aí já escolhemos tanto! Pois provavelmente não permitimos que o outro seja quem realmente é... que nos surpreendesse... que experimentasse... às vezes sequer permitimos nos deixar surpreender... Porque nesse momento já entraram: preguiça, ciúme, insegurança, medo, opinião alheia. Disparam-se automaticamente gatilhos dos nossos ciclos internos. E talvez seja justamente a repetição incansável do nosso próprio modelo o impeditivo... e seria necessário escolher a mudança para fazer diferente.
A rotina só existe, de fato, quando dependemos absolutamente de alguém. Quando não temos ainda ou já perdemos a ingerência sobre a própria vida. Isso qualquer livro de psicologia infantil ensina. E é por isso que bem cedo precisamos dela, para nos firmarmos no mundo com segurança. Pois é isso que nos primeiros anos de vida a rotina traz: segurança; porque a criança ainda não elabora noções mais complexas como medo, limite, perigo. A partir do momento em que começa a formar seus próprios conceitos, passa a experimentar e, logo, a escolher.
Talvez se fôssemos mais libertários, nos permitíssemos mais, deixando de lado sentimentos mesquinhos e toda essa mediocridade que nos rodeia e nos é inerente... Provavelmente as paixões durariam mais e os amores não se reduziriam à convivência pacífica de duas pessoas que pensam que se conhecem tão bem que não têm mais nem motivo para brigar.

Gosto quando me provocas... ;)

3 comentários:

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