sábado, 20 de março de 2010

Consultório sentimental

"Homem não muda, se enjoa. Cansa de um mesmo comportamento.
Mas não aceita que a transformação venha de fora.
Dificilmente vai admitir quando puxam sua orelha. Ele se sente pressionado.
Acredita que arrogância é masculinidade. Não vejo assim: a humildade pode ser extremamente portentosa. Mas humildade é tratada como ceder e ceder é tratado como fraqueza.
Um efeito dominó de distorções.
Precisaríamos de um novo dicionário amoroso.
O machismo é pensar o homem como sinônimo de autoridade. Autoridade não é nada diante da importância. Mais importância, menos autoridade. Não sei se me entende.
Importância é não ser esquecido pelos atos, autoridade é cobrar a lembrança.
A encarnação dele deriva um pouco do contexto social e mais um pouco de limitação para não destoar do senso comum.
Convivo com amigos com idêntico temperamento: fanfarrão, cheio de gracinhas para todas e com tiradas como se estivesse solteiro. Insuportáveis. Regurgitam flertes. Minha teoria: quanto mais bagaceiros, menos persuasivos, menos sedutores.
Não ficaria preocupada. São inofensivos. Garanto. Falam de sexo pelos cotovelos e terminam como os mais comportados na hora de dormir.
Seu moço assume esse tipo para provocar. Para testar. Para conseguir audiência. O ciúme é muitas vezes o único amor que o homem pode oferecer. Ele provoca para se enxergar valorizado e valorizar. Não é para aumentar o ego, é porque não tem ego, sofre de uma carência absurda, uma desvantagem, a ponto de procurar reequilibrar a estima em cada saída ou aceno. Ele se boicota, na verdade, por julgar não merecer o próprio relacionamento. Tanto que diz que gostaria de ser "mais sossegado para fazê-la feliz."
Não dê bola. Sua boemia e suas madrugadas são mais verbais do que reais. Pode voltar. Depende de paciência, não se incomodar com suas provações infantis.
Um dia, ele cresce. Contigo, será mais fácil. É um cordeiro. Que apenas tem vergonha de sua lã." Fabro.

Um comentário:

Mostre a sua!