quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Das ondas

Eu não queria sentir essa necessidade
como mil vozes escondidas,
sussurrando: "isso é você..."
Eu luto contra a pressão, o inevitável, em vão...
O sentimento forma-se no horizonte,
como uma onda,
implacável.
Amedrontador.
Avassaladora - eu sei.
...
No momento em que desligo, a alimento.
E o sussurro fica mais alto, até gritar: Sem parar!
É a única voz que consigo ouvir.
A única voz que posso ouvir.
Pertenço a ela, a esse eu sombrio.
Parte de mim, da alma que me habita, é sombra.
Eu a escondo, na maior parte do tempo...
mas quando esse lado emerge e toma o controle, me dirige.
Sinto-me viva.
Viva e mal,
por ter a sensação de estar perdida
por saber que essa parte de mim está errada.
Não luto.
Não luto porque não quero,
não tenho forças,
não consigo.
E toma conta de mim.
É tudo o que eu tenho naquele instante.
Alguém em quem não confio, no controle.
Naquele momento ninguém poderia me amar...
nem mesmo eu...
Ou tudo não passa de uma mentira?
Mas se eu permanecer ouvindo os susssurros por mais tempo?
Não conseguir fazê-los parar?
...
Ainda para.
De alguma forma para.
Acho que nos momentos em que
me sinto conectada a algo mais,
a alguém,
consigo.
Sou arrancada da sombra,
inspiro ar puro novamente,
até que a próxima onda se aproxime...

3 comentários:

  1. um belo e tocante versejar, parabéns sempre. Estamos lá veja se gsota

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  2. Querida Lú, somos navegantes deste imenso oceano de vivências e dele partilhamos tempestades e dias de calmaria, solitário navegar e portos amigos... para que cresçamos na certeza de chegar aonde nascem os sonhos e onde tudo aproxima de se realizar: sermos felizes. Bjs, Moran

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  3. Perdida, também eu, num ir e vir de novos e velhos mares...

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