sábado, 24 de dezembro de 2011

"Teremos perdido até a memória de nosso encontro...
Mas nos reencontraremos,
para nos separarmos e nos encontrarmos de novo,
Ali onde os mortos se reencontram: nos lábios dos vivos."
(Samuel Butler em A Intuição do Instante, de Gaston Bachelard, p. 15)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

"O que mais admiro nos outros é a ironia,
a capacida­de de se verem de longe e não se levarem a sério;
de­pois disso, a coragem e a humildade —
desde que não haja ostentação delas."

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

"Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo.
De amargo, então salgado ficou doce,
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços e ainda leve,
Forte, cego e tenso, fez saber
Que ainda era muito e muito pouco.

Faço nosso o meu segredo mais sincero
E desafio o instinto dissonante.
A insegurança não me ataca quando erro
E o teu momento passa a ser o meu instante.
E o teu medo de ter medo de ter medo
Não faz da minha força confusão.
Teu corpo é meu espelho e em ti navego
E eu sei que a tua correnteza não tem direção."

(em Daniel na Cova dos Leões)
Isso porque Renato Russo, Cazuza e outros poucos da nossa geração,
souberam verbalizar lindamente o que muitas vezes não conseguimos...
“Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida." 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

"Apesar da criação tradicional e do peso do medo, cresci livre por dentro, pois minhas leituras me emanciparam - e a liberdade, como descobri mais tarde, começa na cabeça, antes de chegar à expressão e às atitudes de uma pessoa."
(em Eu Matei Sherazade)

domingo, 18 de dezembro de 2011

DorAmor

"Nesse ambiente de amor onde dormes teu sono
Não sentes nem sequer o mais ligeiro espetro...
Mas, ah! eu vejo bem, sinistra, sobre o trono,
A Dor, a eterna Dor, agitando o seu cetro!"
(em Cruz e Souza: interpretações, p. 45)

sábado, 17 de dezembro de 2011

A Intuição do Instante

"O instante poético, portanto, é necessariamente complexo: ele comove, ele prova - convida, consola -, é espantoso e familiar. Essencialmente, o instante poético é a relação harmônica de dois contrários. No instante apaixonado do poeta, há sempre um pouco de razão; na recusa racional, resta sempre um pouco de paixão. As antíteses sucessivas agradam ao poeta. Mas, para o encantamento, para o êxtase, é preciso que as antíteses se contraiam em ambivalência. Surge então o instante poético..."
(em A Intuição do Instante, p. 94)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Do que não se pode evitar

"Quando você sente saudade demais de uma pessoa,
então começa a vê-la nas outras,
em todos os lugares,
de costas, por um jeito de andar,
de sorrir ou virar a cabeça de lado."
"Não se pode contemplar sem paixão.
Quem contempla desapaixonadamente, não contempla."

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Deixa

Te quero exatamente assim:
sensato e muito louco
maduro e tão infantil.
Me deixa viver ao teu lado,
sendo o que sou e me despertando
a cada momento,
com toda a certeza de
não querer em vão.
Quero segurar teu rosto
com todo carinho,
olhar profundamente
e poder dizer sinceramente
EU TE AMO
sem me sentir com
medo
dividida
mentirosa
ou uma intrusa.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O momento em que o homem se revela
é o mesmo em que a mulher deve decidir se vai ou se fica.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Do amor

As gotinhas de felicidade a que temos direito nessa vida, realmente estão nas pequenas coisas, nos gestos mais simples, nos olhares furtivos, no beijo em pé, no gosto compartilhado.
Na paixão (exceto quando ela é o início ardoroso do amor) elas não existem, pois que paixão cega, é obsecada e avassaladora. Desestabiliza, machuca, devasta... e não sobra nada...
No amor elas caem em profusao, se mostram em toda a sua forca, pois que vem da paz, do carinho, do aconchego, do duo-indivisível...
Quem já percebeu a sutil diferença entre a paixão que machuca e a que vira amor, sabe como é bom amar!
E são tantas as formas de amor!

(essa foi para todos vocês que me despertaram paixão
e que depois passei a amar,
como amigo, como companheiro, como uma parte boa da minha história!)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Soneto a quatro mãos

"Tudo de amor que existe em mim foi dado.
Tudo que fala em mim de amor foi dito.
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.

Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito.
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.

Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.

Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano."

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Paradise



"When she was just a girl
She expected the world
But it flew away from her reach
And the bullets catch in her teeth..."

Tenho ouvido muita música ultimamente.... provavelmente graças ao elevado estado de espírito!
Essa, em particuar, não me sai da cabeça.... a sinfonia, o coro das crianças, tudo é muito intenso e nos remete ao divino...
A tudo aquilo que não conseguimos explicar e é bom!
A tudo o que está acima de nós, não podemos controlar e é bom... nos faz bem pela magia que circunda cada momento...
Não é mesmo, meu?!
Essa  também é pra ti!

domingo, 4 de dezembro de 2011

Roman

“Não sei quanto a vocês, mas amor pra mim ter que ter cheiro. Gosto.
E frases...
Não adianta dizer que um olhar vale mil palavras, que o silêncio diz tudo. Não, não e não.
Eu quero sentir, tocar, cheirar, provar, morder e ouvir. Ler.
Então, por favor, Diga.
Qualquer coisa que seja, qualquer frase, qualquer palavra perdida, fale.
Ou escreva.
Mas por favor, eternize.
Palavras foram criadas para fotografar o coração, então por favor, não poupe o mundo da sua essência.
Palavras são simples.
Precisas.
Lindas em sua pureza de ser dita.
Não precisa fazer pose. Deixe acontecer. Se a garganta der nó e a sílaba não sair, escreva. Caneta e lápis na mão, seja.
Mostre-se.
Eu não me apaixono por pessoas.
Eu me apaixono por frases.
Me alimento de palavras.
Verdades, incertezas, medos, doçuras e pequenas mentiras. Não importa.
Eu quero provar seus verbos. Seus sujeitos. Seus objetos. Eu quero te ler. Te sublinhar. Te copiar. Te re-ler.
Então, por favor, escreva-se. Inscreva-se. O que me encanta no mundo são letras, vogais, combinações inexatas entre o que quer dizer e o que se diz.
Não precisa dizer bonito. Muito menos escrever bonito. Palavra vira poesia quando dita com a alma. Por isso, solte-se. Rabisque-se. Eu não vou analisar suas palavras. Eu vou apenas senti-las…
Sentir você em cada letra escrita, em cada ponto, em cada frase desenhada. Por isso, permita-me. Eu não quero gramática, dicionário, frases de efeito, plágios descarados pra preencher vazio.
Eu quero você.
Você e suas palavras.
Você e sua letra torta.
Em qualquer frase, qualquer rima, qualquer asterisco no pé da página.
Mas que seja você.
Que brote do silêncio da sua alma bonita e se transforme em letras: palavras para eternizar a poesia que é seu coração!” 
(Fernanda Mello)

Cantada Perfeita

"Já amei mulheres de feições diversas,
por suas mais diversas qualidades,
mas nunca assim, com toda a minha alma,
pois sempre alguma sobra de defeito
pairava sobre a graça mais perfeita
e desfazia o meu encantamento;
mas você é tão bela e tão perfeita,
parece feita da pequena parte
de perfeição que há em cada criatura."

(trecho da peça A Tempestade, de Sheakespeare
- na minha opinião, um dos mais belos -
traduzido pelo poeta Geraldo Carneiro. Na Revista Lola desse mês, p. 170).

sábado, 3 de dezembro de 2011

Preciso de ti

"Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para falar, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como – eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da concha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão."