quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Mitologia

Para que no futuro tenhamos profissionais cada vez melhores, como tão bem analisou o Paulo, cada um deve fazer a sua parte:

"A nossa linguagem está cheia de referências aos antigos mitos greco-romanos, de tanto que eles nos influenciaram. Quando dizemos que uma coisa é bacana, estamos fazendo uma alusão a Baco, o nome romano do rei do vinho. Se alguém recebe um presente de grego, isso é uma lembrança da Guerra de Troia. Se lança o pomo da discórdia, também é. Cada referência dessas remonta a toda uma história.
Falamos em ouvir o canto da sereia, em narcisismo, em complexo de Édipo, em caixa de Pandora, em calcanhar de Aquiles - e cada uma dessas expressões se refere a uma história grega diferente. Dizemos que uma coisa é uma verdadeira odisseia, que alguém está fazendo um esforço hercúleo, que o eco repete os sons - e com isso lembramos os personagens de Odisseus, Hércules ou a ninfa Eco. O oceano Atlântico lembra a Atlântida e o gigante Atlas, um vulcão era a chaminé da forja do deus Volcano, um labirinto era onde vivia o Minotauro, as olimpíadas prestam tributo aos deuses do Olimpo. Um desinfetante que se chame Ajax, uma revista de companhia aérea intitulada Ícaro, uma empresa de informática com a marca Medusa estão homenageando personagens mitológicos gregos - com muita pertinência, porque há na história de cada um deles uma explicação para a escolha desse símbolo. Uma foto erótica tem a ver com o deus Eros, um fenômeno psíquico recorda sua amada Psiquê, e qualquer coisa voluptuosa, se refer à filha deles, Volúpia. A deusa do amor, Afrodite, é lembrada nos afrodisíacos - e com seu nome romano, Vênus, deixou sua marca nas doenças venéreas. As artes marciais têm esse nome porque seu patrono é Marte, o deus da Guerra. Uma coisa hermética é como se fosse guardada por Hermes, mensageiro dos deuses, que não podia entregar suas mensagens a quem não fosse o destinatário. Um cronômetro, uma cronologia e uma doença crônica, aludem ao deus do tempo, Cronos - cujo nome romano, Saturno, batizou o dia de sábado em algumas línguas, como saturday, em inglês.
[...]
A lista seria interminável. Um delicioso catálogo do variadíssimo patrimônio que a mitologia clássica nos deixou. Uma mãe ou pai atento pode se divertir muito, revelando aos filhos as pistas dessa riqueza, brincando de uma espécie de caça ao tesouro cultural. Um professor criativo pode mobilizar sua turma durante muito tempo procurando vestígios gregos e romanos no nosso dia a dia.
Não saber nada disso é uma pena. Aprender tudo depois de adulto é uma tarefa pesada e sem graça. Porque não é assim que deve ser, como se fosse num dicionário. Mas ir aos poucos, desde criança, se familiarizando com rodas as histórias que estão no subterrâneo dessas referências, sem pressa, é um prazer e um enriquecimento para o espírito. Negar isso às futuras gerações é um desperdício absurdo, equivale a jogar no lixo um patrimônio valiosíssimo que a humanidade vem acumulando há milênios.
Outra maneira muito gostosa de apresentar à criançada essas histórias, num primeiro contato, é oralmente. O adulto que quiser ter a alegria de compartir uma narrativa dessas com os pequenos pode ler antes a história sozinho, para si mesmos, para lembrar ou ficar conhecendo. Depois, outro dia, conta ao filho (ou aluno, ou sobrinho) com suas próprias palavras, do jeito que lembrar. Em seguida, na ocasião oportuna, pode dar-lhe o livro de presente. É para sempre."
(em Como e por que ler os clássicos universais desde cedo, p. 29-30).

O casal Eros e Psiquê, na mitologia grega, foi o símbolo da união entre o amor carnal e a alma pura.
Na mitologia romana, o mesmo tema teve como personagens Vênus e Cupido.
De acordo com a mitologia grega, Afrodite (Vênus), ciumenta e vingativa, persuadiu Eros a fazer a infelicidade da jovem e encantadora Psiquê, personificação da alma. Com sua flecha, Eros deveria despertar amor, na imaculada Psiquê, pelo mais horrendo dos homens. Eros, porém, apaixonou-se pela ancantadora criatura. Comovido com a paixão dos jovens, Júpter, o deus dos deuses, protegeu-os das iras de Afrodite.
Esta bela lenda grega descreve de maneira sublime a união dos contrastes, de Eros e Psiquê;
ou seja, do amor sexual com a alma pura.

2 comentários:

  1. Brigado pela referência Lu!
    A mitologia conta mentiras que contam verdades. Recomendo o livro e a entrevista de Joseph Campbell chamada O Poder do Mito. É ótimo pra entender as recorrências humanas por meio dos mitos e, inclusive, das religiões.

    Beijo

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  2. risos...
    "Nos comentando" quase que simultaneamente!
    Obrigada pela dica! Vou dar umas rateadas em livrarias em Floripa esse finde mesmo.
    Anotado!
    Beijos!

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