sábado, 7 de agosto de 2010

Frida Kahlo e Diego Rivera

Livro traz fotos de Frida Kahlo que permaneceram inéditas por 50 anos


Quando o artista Diego Rivera morreu, em 1957, deixou o pedido que seus arquivos e os de sua mulher, Frida Kahlo, continuassem fechados pelos próximos 15 anos.
Sua testamenteira, zelosa demais, acabou estendendo esse prazo. E só agora é rompido um longo silêncio em torno da intimidade de dois mitos da arte do século 20.
Um livro recém-lançado pela Cosac Naify faz uma seleção das fotografias que Frida Kahlo juntou em vida, seu arquivo pessoal de imagens que ficou escondido num dos banheiros da célebre Casa Azul, na Cidade do México.
Nessas 400 fotografias, estão autorretratos de seu pai, o fotógrafo Guillermo Kahlo, imagens da artista em festas e no hospital e lembranças de seus amantes e desafetos –uns com marcas de batom de seus lábios, outros rasgados ou dobrados ao meio.
Uma fenda no papel fotográfico, feita por ela, separa sua figura de Lupe Marín, a mulher que Rivera deixou para viver o romance mais intenso e mais conturbado de sua vida, ao lado de Kahlo.
Também estão lá os recortes de livros de ginecologia que a artista usou em seus quadros, um gato preto que aparece na tela “Autorretrato com Espinhos e Colibri”, o menino morto de “O Defuntinho Dimas Rosas”, a imagem de Stálin de “Frida e Stálin”.
É um arquivo de imagens que denuncia a proximidade de Kahlo com a fotografia. Além de ajudar o pai no laboratório, retocando negativos, ela conheceu e foi retratada por grandes nomes da época.
Nickolas Muray, da “Vanity Fair”, fotografou a artista trabalhando, ainda presa à cama de hospital depois do acidente de bonde que destruiu sua coluna. Edward Weston e Pierre Verger também passaram por sua vida.
Nas poucas fotos assinadas por Kahlo, aparecem com força essas influências modernas. Numa natureza-morta, ela junta uma boneca de pano a um cavalinho de madeira, alusão à batalha que travou na mesa de cirurgia em sucessivas operações para reconstruir seu corpo.
Esse sofrimento virou a marca de Kahlo. Em seus retratos, transborda do olhar uma melancolia robusta, a mesma dor transformada em latência formal nas telas.
Em vida, e diante da câmera, Kahlo posou como a imagem que plasmou de si, indissociável do próprio mito.
“Sabia que o campo de batalha do sofrimento se refletia em meus olhos”, escreveu a artista numa carta. “Desde então, comecei a olhar para a lente, sem piscar, sem sorrir, decidida a mostrar que seria uma lutadora até o final.”
KAHLO E SEU DUPLO
Numa biografia de Rivera e Kahlo, livro recém-lançado pela Record escrito por J.M.G. Le Clézio, está a mesma constatação. “Frida jamais se separará de seu duplo”, escreve o vencedor do Nobel.
“A enfermidade progressiva e o fechamento na solidão da dor transformaram o sonho da criança em fantasma, e deram valor quase mítico à outra ela mesma que escruta infinitamente no espelho.”

FRIDA KAHLO: SUAS FOTOS
AUTOR: Pablo Ortiz Monasterio
TRADUÇÃO: Gênese Andrade e Otacílio Nunes
EDITORA: Cosac Naify
QUANTO: R$ 120 (524 págs.)

DIEGO E FRIDA
AUTOR: J.M.G. Le Clézio
TRADUÇÃO: Véra Lucia Dias
EDITORA: Record
QUANTO: R$ 39,90 (240 págs.)

Furtei lá da Karol

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