terça-feira, 31 de agosto de 2010

Carmina Burana, de Carl Orff (O Fortuna)

MANUSCRITOS NO MOSTEIRO 
"Carmina Burana significa Canções de Benediktbeuern. Em meio à secularização de 1803, um rolo de pergaminho com cerca de duzentos poemas e canções medievais, foi encontrado na biblioteca da antiga Abadia de Menediktbeuern, na Alta Baviera. Havia poemas dos monges e dos eruditos viajantes em latim medieval; versos no vernáculo do alemão da Alta Idade Média, e pinceladas de frâncico. O erudito de dialetos da Baviera, Johann Andreas Schmeller, editou a coleção em 1847, sob o título de Carmina Burana. Carl Orff, filho de uma antiga família de eruditos e militares de Munique, ainda muito novo familiarizou-se com esse códice de poesia medieval. Ele arranjou alguns dos poemas em um “happening” – as “Cantiones profane contoribus et choris cantandae comitantibus instrumnetis atque imaginibus magics”- de canções seculares para solistas e coros, acompanhados por instrumentos de imagens mágicas. A obra já é vista no sentido do teatro musical de Orff, como um lugar de magia, da busca de cultos e símbolos.
Esta cantata cênica é emoldurada por um símbolo de antigüidade – o conceito da roda-da-fortuna, em movimento perpétuo, trazendo alternadamente sorte e azar. Ela é uma parábola da vida humana, expostas a constantes transformações. Assim sendo, a dedicatória coral à Deusa da Fortuna (“O Fortuna, velut luna”), tanto introduz como conclui as canções seculares. Esse “happening” simbólico sombreado por uma Sorte obscura, divide-se em três seções: o encontro do Homem com a Natureza, particularmente com o despertar da Natureza na primavera (“Veris leta facies”), seu encontro com os dons da Natureza, culminado com o do vinho (“In taberna”); e seu encontro com o Amor (“Amor volat undique”), como espelhado em “Cour d’amours” na velha tradição francesa ou burgúndia – uma forma de serviço cavalheiresco às damas e ao amor. A invocação da Natureza – o objetivo da primeira seção – desemboca em campos verdes onde raparigas estão dançando e as pessoas cantando em vernáculo. As cenas festivas de libação desenrolam-se entre desinibidos monges, para quem um cisne assado parece ser um antegozo do Shangri-la, e entre barulhentos eruditos viajantes que louvam o sentido impetuoso da vida na juventude.
[...]
A gama expressiva de Carmina Burana estende-se da terna poesia do amor e da natureza, e da elegância burgúndia de uma “Cour d’amours”, ao entusiasmo agressivo (“In taberna”), efervescente joie de vivre (o solo de barítono “Estuans interius”), e à força devastadora do coro da fortuna cercando o todo. O latim medieval da canção dos viajantes eruditos é penetrado pela antiga concepção de que a vida humana está submetida aos caprichos da roda-da-fortuna, e que a Natureza, o Amor, a Beleza, o Vinho e a Exuberância da vida estão à mercê da eterna lei da mutabilidade. O homem é visto sob uma luz dura, não sentimental; como um joguete de forças impenetráveis e misteriosas. Esse ponto-de-vista é plenamente característico da atitude anti-romântica da obra."

AMO ESSA PEÇA! É INTENSA... COMO QUASE TUDO NESSA VIDA DEVERIA SER... DEPOIS DIGAM SE CONCORDAM! BACI MILE, LÚ.

2 comentários:

  1. O Fortuna, Imperatrix Mundi
    Velut luna
    Statu variabilis,
    Semper crescis
    Aut decrescis;
    Vita detestabilis
    Nunc obdurat
    Et tunc curat
    Ludo mentis aciem,
    Egestatem,
    Potestatem
    Dissolvit ut glaciem.

    Sors immanis
    Et inanis,
    Rota tu volubilis,
    Status malus,
    Vana salus
    Semper dissolubilis,
    Obumbrata
    Et velata
    Michi quoque niteris;
    Nunc per ludum
    Dorsum nudum
    Fero tui sceleris.

    Sors salutis
    Et virtutis
    Michi nunc contraria,
    Est affectus
    Et defectus
    Semper in angaria.
    Hac in hora
    Sine mora
    Cordum pulsum tangite;
    Quod per sortem
    Sternit fortem,
    Mecum omnes plangite!

    Ó Fortuna, Impreatriz do Mundo
    Ó fortuna
    Como a lua
    Variável
    Sempre crescendo
    E minguando
    Vida odiosa
    Primeiro oprime
    Então alivia
    A mente só por diversão
    Pobreza
    Poder
    Derretem como gelo

    Destino - monstruoso
    E vazio
    Roda da sorte
    Tu és malevolente
    Bondade em vão
    Que sempre não leva à nada
    Obscura
    E coberta
    Você também me amaldiçoou
    E agora no jogo
    Eu trago minhas costa nuas
    À tua vilania

    O destino está contra
    Minha saúde
    E virtude
    Dás
    E tira
    Sempre escravizando
    Então agora
    Sem demora
    Puxe essa corda vibrante
    Já que o destino
    Extermina o forte
    Chorem comigo!

    Acho Magnífico.
    Abração

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