"(...) Antes de você partir para o descanso, para a viagem, para o lazer, para a gandaia que seja, gostaria de aproveitar o momento, em que sua mente, ou ao menos seu coração, já não está mais aí no mundo do trabalho, para lhe dizer o seguinte: cuide bem do seu amor. (Thanks, Herbert.) Eu sou um cara quadrado, coxinha, em diversos aspectos da minha vida. Um deles, como trato a mim mesmo na posição de pai de família. Levo isso a sério. Talvez até demais. É muito importante para mim ser um bom pai, um bom marido e um bom provedor. Parafraseando o ditado de "quem tem, tem medo", eu diria que quem não teve do jeito que gostaria sabe a falta que faz.
No entanto, percebi com clareza esses dias o enorme risco que há em investir tudo no trabalho e nos filhos. Ou seja: fazer a coisa certa aí, em demasia, significa fazer a coisa de modo errado. É bacana ser um homem responsável, gerar as melhores condições possíveis para a sua família. No entanto, se pautar somente por isso é um equívoco. Focar toda a sua atenção e a sua energia na rota trabalho/casa, casa/trabalho, é uma armadilha. E por quê? Porque aí a sua mulher vira esposa. A sua namorada vira mãe do seus filhos. Você deixa de ser amante para virar marido. Quando você se dá conta, está chamando a sua mulher de "mamãe" e ela está se referindo a você como "papai", de modo sonolento, sedado, cansado. Sua cama de casal vira um lugar para aninhar os filhos e não mais para dar vazão a sua libido. (Não é todo mundo que consegue rodar esses dois filmes antagônicos na mesma locação.)
A arapuca que se coloca aí, travestida de correção, de comportamento respeitável e consequente, é trocar a relação original com a sua mulher, de macho/fêmea, composta de tesão, atração, admiração, desejo, por uma relação funcional de parenting, em que o dating morre, em que não há mais a idéia da dupla, mas sim uma regra inquebrantável que sempre prevê 3, 4, 5, qualquer que seja o número total das pessoas que você tem em casa. Por uma relação que a emoção dá lugar a um arranjo racional e insosso das coisas. Em que o sexo e a sensualidade vão sendo religiosamente solapados no dia a dia. Jogue isso no tempo e depois de 15, 20 anos, você não terá mais nada. Nenhum vestígio do sentimento original, da alegria dos primeiros tempos, daquela felicidade inefável de estar junto, de simplesmente ficar perto dela. Ou dele. Um dia seus filhos saem de casa. Afinal, eles, mais do que ninguém, estão só passando pela sua casa, estão sempre no movimento de partir do seu recôndito familiar em direção ao mundo lá fora e à vida que vão construir sozinhos. E você se encontrará com uma estranha dentro de casa. E vocês se verão com um abismo entre si. Feito de silêncios, de falta de cumplicidade, de inapetência, de papéis que caducaram, de ausência de um sentimento que, de tão maltratado, resolveu se mudar dali há muito tempo.
Portanto, eis o que tenho a dizer: nutra o relacionamento com a sua mulher. Ou com o seu marido. É preciso conquistá-la todo dia. Crie momentos exclusivos, reserve tempo e atenção, saia da rotina, seduza, invista na magia e na paixão. Porque tudo isso, que é alicerce, que é motor, pode acabar num tapa. (Às vezes, literalmente)."
Por Adriano Silva
Retirado blog Manual do executivo:
http://portalexame.abril.com.br/rede-de-blogs/manual-do-executivo-ingenuo/
Lembrei de uma música dos Paralamas.
ResponderExcluirAí vai um trecho:
Cuide bem do seu amor
Seja quem for,
Cuide bem do seu amor
Seja quem for...
E cada segundo, cada momento, cada instante
É quase eterno, passa devagar
Se o seu mundo for o mundo inteiro
Sua vida, seu amor, seu lar
Cuide tudo que for verdadeiro
Deixe tudo que não for passar
Palavras duras em voz de veludo
E tudo muda, adeus velho mundo
Há um segundo tudo estava em paz
♪♫
beijinhos Luú;)