quinta-feira, 10 de junho de 2010

Clichê


Graças ao vinho da noite anterior, passou o dia inteiro querendo lhe dizer tudo o que cogitara dos planos nunca feitos, mas evitou.
Ainda eram por demais recentes as lembranças dos beijos roubados, das tardes ensolaradas, dos corpos colados, das estripulias aproveitadas, da cama desfeita, dos elevadores compartilhados, das conversas intermináveis, do sono velado.
Poderia ter-lhe dito como gostaria de viver tudo aquilo que não lhes foi possível e cujo 'script' ficaria para sempre guardado em alguma gaveta, misturado a cremes, livros, lingeries e sorvete.
Chegar em casa juntos do trabalho, conversar, tomar um bom banho quente juntos, preparar a comida enquanto ele servia o vinho, sentar lado a lado à mesa para a refeição. Depois esticar o vinho pra sala e lá continuar a conversa... entre os beijos, confidências e sussurros... até se estirarem, cansados, no sofá.
A livraria bem aproveitada na manhã de sábado, os passeios ao sol. O filme, a preguiça, o sono da tarde. A noite livre para a imaginação fruir.
A boa leitura compartilhada do domingo à tarde, permeada pelo cheiro do bolo recém saído do forno, exalando seu perfume pela casa.
Será que se sentiria entediada do convívio com ele?
Que a intimidade permaneceria?
A conversa acabaria?
A paixão duraria?
Jamais teria oportunidade de saber.
Não esgotar tudo o que havia entre eles permitiria que a dúvida pairasse, duradoura, sobre seus corpos, garantindo que dele exalaria para sempre a esperança de que realmente há algo e-terno.

Um comentário:

  1. Ai Lú, fiquei malzinha agora a noite, mas amanhã é outro dia e tudo será belo!! rsrs.
    Sinto que fiz a coisa certa!!
    Tomei um banho e já estou na cama...agora é esperar o sono vim para sonhar, sonhar e sonhar!!!
    Estou a cá lendo teus escritos que estão me ajudando MUITO.
    Ficou linda a nova cara do blog.
    Beijinhos mil:)))))

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