Para que tu me escutes
minhas palavras
adelgaçam-se às vezes
como as pegadas de gaivotas nas praias.
Colar, cascavel ébrio
para tuas mãos suaves como as uvas.
Vejo-as longe de mim, minhas palavras.
Mais do que minhas são tuas.
Sobem por minha velha tristeza como as heras.
Sobem, sobem assim pelas paredes úmidas.
Mas tu és a culpada deste jogo sangrento.
Elas estão fugindo do meu abrigo escuro.
Ah, tudo invades tu, ah tudo invades.
Antes de ti povoaram a solidão que ocupas,
e estão mais do que tu afeitas ao meu tédio
Quero agora que digam o que quero dizer-te
para que escutes como quero que me escutes.
(Neruda em 20 Poemas de amor e uma canção desesperada)
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