Nos conhecemos na casa de praia de uma amiga. Ela nos apresentou e ele não disse nada, nem "Como vai", nem "Muito prazer". Nada. Não estendeu a mão e se virou de costas para mim, puxou uma cadeira e sentou sem dizer uma palavra. Minha amiga ficou perplexa com a falta de educação, me tirou de trás dele, daquela situação constrangedora, e murmurou: "Ele é um sujeito temperamental". Não entendi o comportamento dele. Nunca o tinha visto antes. Não pude tirá-lo da cabeça. Ele me hostilizou a tarde toda. E quanto mais ele me hostilizava mais eu o odiava. E quanto mais o odiava mais pensava nele. Era um mistério seu desprezo por mim, não fazia sentido. Pensei nele até o fim da tarde e fomos embora para nosso hotel. No carro ele conversou com o chofer e não me dirigiu uma só palavra, nem se virou para trás uma úniva vez, apenas disse um "Adeus" seco quando saltei do carro, como se eu o incomodasse, sendo que havia se despedido gentilmente dos demais convidados... sorrindo e desapareceu. Entrei intrigada e não pude tirá-lo da minha cabeça. À noite ouvi uma batida na porta do meu quarto no hotel e ao abri-la, pensando ser a arrumadeira ou o garçom, vi que era ele. Estava vestido de malha, jeans e tênis, os cabelos molhados, o corpo exalando o cheiro do banho morno. Dessa vez estendeu a mão e me olhou nos olhos sem nenhum desprezo, o que me deixou ainda mais pensativa, e me convidou para jantarmos juntos. Os outros haviam saído, éramos só nós dois no hotel, fazia sentido que jantássemos juntos. Fomos caminhando até a praia, ele estava gentil, reverente, quase tímido, fazia perguntas e falava apenas de mim. Sentamos numa mesa do restaurante à beira mar, ele pediu champanhe, fez um brinde ao nosso encontro. Levantei sem esperar a comida e voltei sozinha para o hotel, caminhando pela praia... sem conseguir tirá-lo do pensamento.
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