Ontem precisava tanto ler esse post da Andréa, que vasculhei o blog dela várias vezes sem êxito... Expliquei a ela e pedi... Disse ela que sim, Freud explica a minha cegueira... e gentilmente mandou pra mim o fantástico texto por meio do qual conseguiu nos definir tão bem...
Ei-lo:
"Sabe que eu gosto do nome do seu blog? "Mil faces de Luiza".
É que quando escrevo, me sinto assim, mil faces disputando.
Cada dia escreve uma, cada dia um enredo.
É quase um funcionamento esquizofrenico, ou medium em Centro Espírita, cada dia uma entidade, cada dia baixa uma.
E quem escreve, quem se arrisca a escrever, tem que ser um pouco fragmentária.
Diria mais, quem escreve precisa ter coragem.
Coragem para circular naquilo que somos, imaginar o que poderíamos ter sido, e não fomos.
Ser também observador, ladrão, pescador.
Olhar a vida do outro; roubar frases, gestos, estórias; pescar sentidos, ilusões.
Depois bater tudo isso, liquidificar em mil pedaços e aos poucos, com todos esses retalhos ir compondo.
Cacos, pedaços, todos eles contam verdades, minhas verdades. Tuas verdades espelhadas.
É porque a verdade nunca é única, reside em várias moradas.
Se cada um possui a sua, eu possuo várias.
E assim, no susto de ser tantas, viver se tornou uma surpresa.
Vivo aos pulos, na ansiedade de quem não se sabe.
Tenho dias de calmaria, e outros de turbulência.
Acordo uma, durmo outra.
Quantas sou? Não sei dizer.
A vida é tão rica, tão cheia de possibilidades que, ser uma só sempre me pareceu falta de imaginação. Meu destino se esconde no mistério.
Mil fragmentos, combinações.
É na palavra que encontro o ponto de equilíbrio que internamente não possuo.
Tecendo inconsciente, fio de letra, calmaria.
Fio de outro, possibilidades, construções.
Tenho dias de senhora, moça pura, pudica, carola, desvairada.
Dias de santa louca e meretriz abandonada.
Dias de bem resolvida, dona de casa, mãe coragem, compreensão.
Em outros sou carente, mulher demente, dias de ataque, devassidão.
Na corda bamba, vivo dentro da palavra,
Posso ser muitas
Minhas faces, todas elas, entre meus extremos ,
Sou puta devota, puritana convicta.
Quem de mim você já viu?
Linha da vida, palma da mão.
Entre a razão e o coração.
Cambaleando, estou viva, mil faces de emoção."
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